"Esta é uma verdadeira relíquia. Só lembra quem tem mais de 40 anos. Ouvia-se nos alto-falantes da Igreja Matriz na hora do ângelus, após a musica Ave-Maria. A voz triste do locutor combina com as situações descritas!"
Ave Maria
Atribuído a Heronides de França,
Letra de Fagundes Varela
A noite desce,
lentas e tristes cobrem as sombras a serrania,
Calam-se as aves, choram os ventos
Dizem os gênios: -Ave Maria!
Na torre estreita de um pobre templo
ressoa o sino da freguesia,
Abrem-se as flores, Vésper desponta,
Cantam os anjos: -Ave Maria!
No tosco alvergue de seus maiores,
Onde só reinam paz e alegria,
Entre os filhinhos o bom colono
Repete as vozes: -Ave Maria!
E longe, longe, na velha estrada,
Pára, e saudades à pátria envia,
Romeiro exausto, que o céu contempla
E fala aos ermos: -Ave Maria!
Incerto nauta por feitos mares,
Onde se estende névoa sombria,
Se encosta ao mastro, descobre a fronte,
Reza baixinho: -Ave Maria!
Nas soledades, sem pão nem água,
Sem pouso e tenda, sem luz nem guia,
Triste mendigo que as praças busca,
Curva-se e clama: -Ave Maria!
Só nas alcovas, (nas seitas) dúbias,
nas longas mesas de longa orgia
Não diz o ímpio, não diz o avaro,
Não diz (o herege): -Ave Maria!
Ave Maria! -No céu, na terra!
Luz de aliança! -Doce harmonia!
Hora divina! -Sublime instância!
Bendita sejas! - Ave Maria!
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