Prezados participantes do Portal União
Uma coisa é questionar práticas que determinados católicos fazem com relação às imagens; outra é negar todo e qualquer uso das mesmas. No primeiro caso pode até ser um lampejo de virtude; no segundo, é a mais profunda ignorância.
Sem dúvida, as iconografias sempre foram tidas como embelezadoras dos ambientes, mas também foram reconhecidas como valiosos instrumentos pedagógicos; e ainda, estimuladoras da devoção aos santos e de vidas edificantes,... mas nem por isso, elas, per si, são uma garantia de eternidade ao lado do Senhor Altíssimo. E mesmo aquelas imagens, as quais DEUS lhes associa algum fim extraordinário (como a serpente de bronze), também não garantem um lugar no céu.
Contudo, é preciso lembrar também que, nem mesmo uma cura realizada pelo próprio Cristo, em pessoa, (sem a utilização de qualquer outro elemento), não é garantia de que o miraculado vá obter a salvação eterna! Porquanto este poderá, futuramente, desviar-se da senda do Senhor. Com efeito, o próprio Jesus disse aquele que ele curara duma paralisia: “Eis que estás curado; não peques mais, para que não te suceda algo ainda pior”(Jo 5,14)... Todavia, obviamente, não desprezamos as curas e bênçãos alcançadas de Deus, sejam diretamente ou sejam, com o uso conjunto de algum elemento material, que pode ser até uma imagem. Pois, de ambos os modos, segundo a Escritura Santa, Deus poderá agir. Em suma, além das finalidades ordinárias (isto é, comuns), as imagens podem ser utilizadas ‘extraordinariamente`, se essa for a vontade do Altíssimo....
Essa idéia dum Deus antiarte é coisa herege ou ignorante! Haja vista, Deus, que é o primeiro “artista”, é também inspirador de artesãos e artífices: “Iahweh falou a Moisés, dizendo: “Eis que chamei pelo nome Beseleel... Eu o enchi com o espírito de Deus em sabedoria, entendimento e conhecimento para toda espécie de trabalho, para elaborar desenhos, para trabalhar o ouro, prata e bronze... para entalho de madeira, e para realizado toda espécie de trabalhos” ”(Ex 31,1ss.). (Veja: Ex 35,30ss.)
De fato, não nos esqueçamos que o mesmo Deus que criou o mundo pela palavra (dita e não escrita!) não deixou de fazer o homem a partir duma “estátua” de barro: “Deus modelou o homem com a argila do solo”(Gen 2,7). [E assim fez, semelhantemente, com relação aos animais: “Iahweh Deus modelou então, do solo, todas as feras selvagens e todas as e todas as aves do céu”(Gn 2,19).] ... Bem como, acolheu como templo dedicado a seu Nome, um local recheado de imagens. E também atendeu à intercessão de Moisés, a favor do povo que perecia por picadas de cobras, mediante a condição de se contemplar uma imagem de bronze.... E não era, pois, seu lugar de “predileção” entre estátuas querubínicas? Conforme está escrito: “Ali virei a ti, e, de cima do propiciatório, do meio dos dois querubins que estão sobre a arca do Testemunho” (Ex 25,22). (Veja ainda: Nm 7,89).
É curioso ainda notar que eu nunca vi um católico, por mais radical que fosse, declarar que um protestante, ou outra pessoa qualquer, iria para o inferno só por não usar imagens de seres santificados. Nunca!... Por quê? Seria porque é como explicou o estudioso católico Lúcio Navarro com relação ao chamado culto às imagens: “Este culto não é necessário para salvação”[NAVARRO, Lúcio, Legítima Interpretação da Bíblia, Campanha de Instrução Religiosa Brasil-Portugal, Recife, 1957, p. 570 ]... Já o de Adoração a Deus, sem dúvida, é indispensável!
Resumindo, podemos e devemos usar também a “linguagem” pictórica ou escultórica para levar a Boa Nova de Nosso Senhor Jesus Cristo a todos os rincões da Terra. Porquanto, a imagens são uma forma de comunicação utilíssima e mais que atual (haja vista, serem elas de todos os tempos!). Sendo, ainda, por assim dizer, a linguagem mais universal, pois atinge tanto alfabetizados como analfabetos.
a) Apesar de saber quão turvo é o entendimento dos Testemunhas de Jeová, um deles (neste portal) acabou confirmando – de forma até detalhada – aquilo que eu já havia apresentado sobre a legitimidade de se prostrar ante seres que não sejam a Divindade.
O problema sobre a questão da ‘adoração’, pelo que compreendi nos meus parcos estudos, é por que o termo em grego que se traduz comumente por adorar (“prosternar ou prostrar-se”) pode ser igualmente traduzido como uma simples reverência ou veneração, aplicável também às criaturas e não somente a Deus Altíssimo; e a Escritura é cheia de citações que confirmam isso. [Por conseguinte, evidencia-se que não é um termo aplicável unicamente ao que é divino; diferente, por exemplo, da palavra hebraica `bara`(verbo criar), no Antigo Testamento, só se aplica referente ao Altíssimo. Haja vista somente o Todo-poderoso é Criador (cf. CIC, no 290).]
Na citação de Mt 4,10 (cujo paralelo é Lc 4) está assim , no original: Ao Senhor Deus seu ‘proskyneseis’ e a ele ‘mono` ‘latreusis` (cf. está na versão em grego de biblegateway.com/passge?serch=matthew%2004&; &version=68;). Ou seja, prostrar-se-á diante de seu Deus e a ele MONO (‘somente`, em grego) a latria!...
Perceberam que a palavra ‘somente’ ou ‘mono’ está precedendo exclusivamente a segunda parte da sentença, a qual se refere ao culto lautrêutico; mas não a primeira, referente à prostração. Pois prostração ou ‘proskyneseis’ (que pode ser traduzido, simplesmente, como homenagem ou veneração) não é algo exclusivo para com Deus; já a latria, sim. Latria, só a Deus!
Praticamente, de todas as palavras que se costuma apontar como significando venerar, servir, cultuar, adorar, etc – no Novo Testamento – aquela que, de fato, é unicamente direcionada a Deus é a latria. [A Deus, se venera (ou se serve) e adora-se; aos santos, só se venera... aos ídolos, nem se venera, nem muito menos se adora.]
b) Entretanto, penso eu (corrija-me, por misericórdia, se eu estiver errado!) que, a palavra mais adequada para se referir ao que católicos fazem – inclusive, perante imagens – é ‘ajoelhar-se`. Porquanto, prostração seria mais adequado para referir-se a quem põe a face por terra (como fazem os muçulmanos, costumeiramente, em suas orações) ou pelo menos próxima ao chão. E isso não é comum entre os católicos.
O cristão tem, verdadeiramente, o hábito de se ajoelhar para orar; isso desde a Era Apostólica: “Pedro... pôs-se de joelhos e orou”(At 9,40). São Paulo “ajoelhou-se, e orou com todos eles”(At 20,36). [E ajoelhar-se, no grego, é uma palavra distinta de ‘proskyneo’. Tanto em Atos 9,40, como em 20,36, a o vocábulo utilizado é ‘gonata’.]
Seja de joelhos, ou em pé, o importante é que podemos entoar jaculatórias aos seres santificados de Deus, como as que seguem:
- “Exultai com ele, ó céus, e adorem-no todos os filhos de Deus!”(Dt 32,43).
- “Bendizei a Iahweh, anjos seus”( Sl 103(102),20)!
Lembremos, ainda, que o apocalipse, com sua linguagem figurada, apresenta seres celestiais como “medianeiros” (ou seja, sendo elo de ligação junto a Cristo Jesus, que é o mediador perante o Pai Celeste) das orações: 1- “Os quatro Seres vivos e os vinte e quatro Anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, cada um com uma cítara e taça de ouro cheia de incenso, são as orações dos santos”(Ap 5,8); 2 - “E da mão do Anjo, a fumaça do incenso com as orações dos santos subiu diante de Deus”(Ap 8,4).
O incenso, aí, pode representar que o tais seres tornam mais agradáveis ao Senhor os pedidos que os cristãos (ou ‘santos’, cf. At 9,32; Rm 16,15) fazem; aliás, um pensador protestante de nome Grotius, do século XVIII, já falava algo semelhante (cf. NAVARRO, Lúcio, Legítima Interpretação da Bíblia, 2a edição, Campanha de Instrução Religiosa Brasil-Portugal, Recife, 1957).
Certamente, os desgostosos com relação à Santa Fé Católica, não querendo curvar-se ante a verdade e, provavelmente, estrebuchando perante tão luminosa proposição, ainda tentarão redargüir, dizendo algo (imagino eu) assim: `Mas se referem aos anjos!`... Ao que respondo: E, por ventura, os seres angelicais não são também criaturas santas?... E completo fazendo outra pergunta: Como ter certeza que são anjos, os vinte e quatro Anciãos mencionados? Não seriam eles serem humanos presentes na corte celeste?
Mas de onde tiras a idéia de que possam ser santos homens, os ditos anciãos? Primeiramente, porque a palavra anciãos é aplicada a seres humanos. Daí, inclusive, os tais poderiam, talvez, serem aqueles primitivos chefes da Igreja incipiente, os quais participaram do Concílio de Jerusalém: “Então pareceu bem aos apóstolos e anciãos”(At 15,22). Ou mesmo, os chefes das classes sacerdotais noticiados no Antigo Testamento: “Davi os dividiu em classes...Maazias o vigésimo quarto”(1 Cron 24,3.18). [Ademais, está escrito: “Os que forem julgados dignos de ter parte no outro século... são semelhantes aos anjos”(Lc 20,35s.).]
O fato é que, pelo sangue de Cristo, nós nos aproximamos de TODA pátria celestial: “Vós vos aproximastes do monte Sião e da Cidade Do Deus vivo, a Jerusalém celestial, e de milhões de anjos reunidos em festa, e da assembléias dos primogênitos cujos nomes estão inscritos nos céus, e de Deus, o Juiz de todos, e dos espíritos dos justos que chegaram à perfeição”(Hb 12,22ss.). Ligados pelo vínculo indestrutível da caridade.
E sempre entoaremos hinos, dizendo: “Glorifica a Iahweh, Jerusalém, Louva teu Deus, ó Sião”(Sl 147(146-147),12), referindo-se a Jerusalém celeste, “a Cidade santa”(Ap 21,2) das Alturas e os que nela habitam. Se muitos, hoje, quando lêem versículos como este, o fazem ainda com o véu sobre a cabeça – não enxergando a realidade espiritual, por trás destas palavras – isso é um problema deles. ( No máximo, o que podemos fazer é rezar para que as escamas, que lhes cobrem os olhos, caiam!)
Até parece, pelo discurso entojado de certos indivíduos, que os santos não são membros de Cristo! Mas eles são, sim! Membros espirituais do Corpo Místico de Nosso Senhor. E quem não haveria de venerar esses seus sacrossantos membros?
Tenho para comigo que: ‘Quem não quer nada com os Santos de Deus, também não terá nada com o Deus do Santos`. Por conseguinte, só lhe restará, por sorte e destino, a infeliz companhia do Diabo e seus sequazes, lá no quinto dos infernos!
c) Os pagãos, segundo a Escritura, ofereciam sacrifícios aos seus deuses e participavam dum banquete sagrado com as carnes sacrificiais. Do qual é proibido aos cristãos participarem, evitando, principalmente, o escândalo para os mais fracos na fé. “Ora, não quero que entreis em comunhão com os demônios... Não podeis participar da mesa do Senhor e da mesa dos demônios”(1 Cor 10,20-21). [Essa é a chamada questão dos idolotitos.]
Creio que o episódio da cura do arameu Naamã possa servir para aclarar mais ainda a questão da adoração...
Nele, depois de curado, Naamã alcança do santo profeta a “licença” [pois o profeta de Deus dispensando-o em paz: “Vá em paz!” ( 2 Rs 5,19)] de poder entrar no templo de Renom e até prostrar-se nele; certamente perante a estátua de tal pseudodeidade, ao acompanhar o seu rei. Está escrito: “Quando meu senhor vai ao templo de Remon para adorar, ele se apóia sobre meu braço e também me prostro no templo de Remon junto com ele; digne-se Iahweh perdoar essa ação a seu servo”(2 Rs 5,18).
Se pelo menos a prostração que Naamã iria fazer fosse perante uma estátua que representasse um ser santificado que está na mansão celestial como os querubins [à semelhança das figuras querubínicas que encimavam a arca da Aliança]; pois até um exemplo disso, dum certo modo, temos nas Escrituras Sagradas: “Josué então rasgou suas vestes, prostrou-se com a face em terra diante da Arca de Iahweh até à tarde, tanto ele como os anciãos de Israel”(Js 7,6). [Além do mais, o povo tinha o hábito de reverenciar o Templo do Senhor, apesar de nele se encontrarem várias imagens sacras; isso desde o Tabernáculo, conforme o mandamento divino: “Reverenciareis meu Santuário”(Lv 19,30).]
Ou, ao menos, ante a representação simbólica d’algum ser que servia de oferta agradável a Deus, como touros que são ofertados em sacrifício (e cujas estátuas sustentavam o Mar de Bronze), que, analogicamente, eram signos do santos mártires... vá lá! [Ou, quiçá, imagens de justos de Deus, prefigurados nas palmeiras (palmas) lavradas nas paredes do Templo do Senhor; como o “justo Ló” (2Pe 2,7). “O justo brota como a palmeira”(Sl 92(91),13).]
Mas não era!... Todavia, é mui importante salientar que Naamã já havia se comprometido com o essencial. Vejamos as próprias palavras dele: “Teu servo não mais oferecerá holocausto nem sacrifício a outros deuses, mas só a Iahweh”(2 Rs 5,17). No fundamental, ele já havia se compromissado.
Ademais, como deve ser sabido, a idolatria consuma-se não em estar presente ou perante um ídolo, mas em prestar `latria` a ele. Daí, o nome: ídolo+latria. [Até porque se estar em ambiente com ídolos (estátuas de falsas divindade do paganismo) fosse idolatria, então quem entrar em museus do mundo inteiro que tem tais artes escultóricas seriam idólatras! (No Louvre, por exemplo, têm estátuas de deuses helênicos, deuses egípcios, etc.) Ou mesmo os cristãos, que desde os primeiros séculos, viveram em lugares cheios de ídolos.]... E como venho mencionando: a prostração (proskrineu) não é o mesmo que latria (latreusis) – pelo menos na passagem em questão. E que, pela sentença Mt 4,10, o `mono` (ou somente) está se referindo a latria; e não à prostração.
No entanto, fica patente que o referido profeta não quis reconhecer outro peso ao gentio Naamã, senão ao do não sacrifício às falsas divindades (e, obviamente, a não participação nas carnes sacrificadas aos ídolos.) Aliás, cuide-se de notar que, ‘coincidentemente’, o Concílio de Jerusalém não quis apresentar, no tocante à idolatria, nenhuma proibição exceto: “Vos abstenhais das carnes imoladas aos ídolos”(At 15,29), “não vos impor nenhum outro peso”(At 15,28). [E essa reunião conciliar era para tratar justamente do que se exigiria aos gentios. Inclusive, nas discussões acalouradas, certamente as partes contendores apresentavam citações da Escritura Santa que apoiariam suas teses. Não seria presumível que o lado que defendia os da gentilidade não teria aduzido tal episódio do sírio Naamã. (Provavelmente o próprio São Paulo.)]
No Apocalipse, duas das Sete Igrejas capengavam espiritualmente justamente nessa questão dos idolotitos, pois muitos foram induzidos que “comessem das carnes sacrificadas aos ídolos”(Ap 2,14); “a se prostituírem, comendo das carnes sacrificadas aos ídolos”(Ap 2,20).
Se observarmos, o sacrifício do “justo Abel” (M t 23,35), nos princípios da Humanidade, é a Deus que é oferecido. Noé, quando sai da Arca, é unicamente ao Todo-poderoso, criador de tudo que há, que ele oferece sacrifícios... Abraão, que foi um dos que fez aliança com o Altíssimo antes da Era Sinaítica, oferece sacrifícios a Deus. É, indiscutivelmente, a Deus que se deve ofertar sacrifícios.
Fico imaginado a quantidade de cristãos, principalmente de servos, que viviam em meio a senhores pagãos que, por vezes, não seriam obrigados a realizar alguma prática prostrativa, como pela qual passara o gentio Naamã! Mesmo que o número deste fosse diminutos, por certo, existiram e se aproveitaram de uma concessão semelhante à do referido arameu.
E se o gentio Naamã se beneficiou duma concessão como aquela; por que, com a Nova Aliança, a gentilidade que se incorporou à Igreja de Deus não teria igualmente certas concessões? (E, ao invés disso, imporiam-lhes pesos que até na própria Antiga Aliança foi concedido dispensa! Tem algum lógica isso?)
d) Jesus deixou bem claro que os “idólatras” (Ap 21,8) sofreriam o peso da condenação eterna. [Aqui, no original em grego, está escrito ‘eidololatrais’ (cf. biblegateway.com/passage/?search=Apocalipse%2021%20;version=68;), ou seja, eidolo+LATRIA – e não `prokuneo` diante de ídolo.]
E, lembrando que: ‘ídolo’ é imagem de falsa divindade pagã. Em resumo: idolatria, ao pé da letra, seria `prestrar culto de latria a falsas divindades pagãs`.
d) O mesmo testemunha de Jeová, no meu entender, embora presuma que não fosse a sua intenção, acabou apontando que ídolo, no sentido estrito, como sendo uma estátua (seja esculpido, seja fundida). [Aliás, eu já ouvi essa tese há algum tempo. Inclusive, alguém certa vez me contou que determinada filha protestante deixava sua mãe católica receber a imagem de Nossa Senhora de Schoenstatt; porque essa imagem era uma figura e não uma estátua.]... E o curioso é que essa idéia parece despontar na própria Escritura.
- “Maldito seja o homem que faz um ídolo esculpido ou fundido”(Dt 27,15).
- “Destruireis as imagens esculpidas, todas as estátuas de metal fundidos”(Nm 33,52).
- “Na casa de teus deuses eu destruirei imagens esculpidas e imagens fundidas”(Naum 1,14).
- “Obra de um escultor e das mãos de um ourives” (Jer 10,9).
- “Todo ourives se envergonha do ídolo porque sua escultura é mentirosa”(Jer 51,17).
- “E não fizerdes uma imagem esculpida”(Dt 4,23).
- “Aqueles que confiam em ídolos, que dizem às suas imagens fundidas: Vós sois os nossos deuses”(Is 42,17).
- “De que serve uma escultura para que seu artista a esculpa? Um ídolo de metal”(Hac 2,19).
- “O meu ídolo fez estas coisas, a minha imagem esculpida ou a minha imagem fundida o determinaram”(Is 48,5).
As clássicas idolatrias (a do Bezerro de Ouro, e do Rei da Babilônia) são também estátuas: “Fez fundir em molde e fabricou com ele uma estátua de bezerro”(Ex 32,4); “o rei Nabucodonosor mandou fazer uma estátua de ouro”(Dn 3,1). Ou mesmo do ídolo Dagon, em que, no final, as mãos e a cabeça do mesmo jazem por terra
No Livro do Êxodo, logo após a citação o Decálogo, vem dito, quase como uma nota explicativa, no concernente a proibição do uso de imagens, o seguinte versículo: “Não fareis deuses de prata ao lado de mim, nem fareis deuses de ouro para vós”(Ex 20,23). [Novamente a idéia que fica é com relação a estátuas.] Mas adiante também está escrito: “Não farás para ti deuses de metal fundido”(Ex 34,17). E nos Dez Mandamentos do Deuteronômio é explícito: “Não farás para ti imagens esculpidas, de nada que se assemelhe ao que existe... Não te prostrarás diante desses deuses” (Dt 5,8s.).
No Livro dos Números, Deus diz aos israelitas: “Quando tiverdes atravessado o Jordão, em direção à terra de Canaã, expulsareis de diante de vós todos os habitantes da terra. Destruíreis as suas imagens esculpidas, todas as suas estátuas de metal fundido”(Nm 33,51s.). Outra vez, ESTÁTUAS!!!
Até mesmo na pregação que Paulo faz em Atenas sobre os ídolos, ele diz, conforme ‘A Bíblia de Jerusalém’: “Não podemos pensar que a divindade seja semelhante ao ouro, à prata, ou à pedra, a um escultura de arte e engenho humanos”(At 17,29). [A tradução “trabalhos pela arte” (sic), citada por um membro do portal, não demonstra a realidade específica mencionada, que é de ser uma ‘escultura’, ou seja, uma ESTÁTUA.] Na `Nova Versão Internacional` se encontra: “Uma escultura feita pela arte e imaginação de homem”[http://www.biblegateway. compassage/?search=acts %2017:29;&version=36;]. Na ‘João Ferreira Almeida Atualizada`: “esculpida pela arte e imaginação do homem”[http:// version=25;].
Lendo várias das citações sobre os ídolos, devo confessar que: dá a clara impressão que eles seriam, obrigatoriamente, estátuas; mas, por outro lado – se isso for verdade – também, concomitantemente e estranhamente, aludiria de que o Altíssimo permitia, sim, que as pinturas de deuses do paganismo fossem preservadas. (Será??) O que não quer dizer, de todo jeito, que fossem permitido adorá-las. Nunca, jamais!
OU SEJA, obviamente, não significa que se podia prostrar (ou oferecer incenso), em adoração, diante de uma pintura – ainda mais se esta retratasse uma falsa deidade do paganismo. [Pois Deus certamente repele um tal ato.] Porquanto, mesmo que as pinturas não sejam propriamente um ídolo, só se deve adorar a Deus. Não se pode adorar um ser humano vivo ou não, ou mesmo um anjo; muito menos um animal, uma árvore, uma pedra, ou produtos derivados destes. Em suma, não se pode adorar qualquer criatura – celestial ou terrena, animada ou inanimada.
Como costumo dizer: se Maria, em pessoa, pela graça divina, aparecesse a mim, eu não a adoraria, muito menos tem cabimento achar que eu adore uma representação simbólica dela. O problema é que muitos teimam em achar que prostrar é, necessariamente, o mesmo que adorar (no sentido exclusivista devido somente a Deus). Pois a Bíblia está cheia de exemplos de homens que nem de longe se comparavam ou comparam à Virgem de Nazaré, os quais foram alvos de lícitas prostrações. (Sem falar também de anjos que foram reverenciados.) Ainda que Maria fosse a menor no Reino do Céu, ainda assim, ela seria maior do que qualquer um sobre a Terra. [Volto, entretanto, a questionar: ajoelhar é o mesmo que simplesmente prostrar?]
Se a adoração é aquilo que só é devido, única e exclusivamente, a Deus. Então, tudo aquilo que se pode fazer a uma criatura, isso, per si, não é adoração. Exemplo, posso prostrar-me de ante de um ser humano (aqui mesmo da Terra)? Em tese, sim! Se prostrar fosse necessariamente adoração, não se poderia fazer tal reverência perante ninguém ou nada mais, somente diante do Altíssimo. E se se pode prostrar em frente de um ser humano, ou uma montanha (cf. Sl 99 (98),9), ou até uma habitação cheia de imagens, muito mais se poderá fazê-lo em respeito e homenagem às santas criaturas celestiais.
Infelizmente, os povos da Antiguidade fabricavam deuses e os adoravam: é a idolatria! Como descreve o profeta Isaías: “Fabricou um ídolo e se prostrou diante dele... faz um deus – o seu ídolo –, prostra-se diante dele e o adora”(Is 44,15.17). E que, com certeza absoluta, tais ídolos, não representavam simbolicamente o Filho de Deus Encarnado (Nosso Senhor Jesus Cristo). Não eram, pois, imagens do Divino Mestre que eles cultuavam adorativamente.
Nós não fabricamos deuses. No máximo, representamos simbolicamente o Deus verdadeiro que se tornou visível!
e) SE for, como alguns pensam, que para ser ídolo, obrigatoriamente, tiver que ser uma estátua; então, automaticamente, estariam livres de críticas imagens não-estátuas. Pinturas, desenhos, mosaicos, afrescos, cartazes, vitrais, escapulários, vestes adornadas, tapeçaria com estampas, cortinas, ícones, bandeiras, estandartes, sinetes... Resumindo, ainda que se retirassem as estátuas das igrejas católicas, os nossos santuários continuariam repletos de signos iconográficos. Cheios de figuras de todos os tipos, com exceção, é claro, das estátuas.
E. Cunha comenta sobre a existência de sinagogas da Antiguidade onde se encontravam várias imagens: “Tenham-se em vista, por exemplo, certas sinagogas da Palestina do século III d. C., onde se encontraram afrescos e figuras humanas. Seja citada também a sinagoga de Dura-Europos (à margem do rio Eufrates), na qual estavam representados Moisés diante da sarça ardente, o sacrifício de Abraão, a saída do Egito e a visão de Ezequiel”[CUNHA, E., Imagens e Santos: um esclarecimento para o povo, AM Edições, 2a edição, SP, 1993, p. 30].
No livro ‘Depois de Jesus o Triunfo do Cristianismo` traz impresso uma ilustração de um mosaico de uma antiga sinagoga, com o seguinte comentário abaixo: “Neste mosaico de uma antiga sinagoga, vê-se o santuário da Torá, com cortinas e flanqueado por leões, aves e menorás”[READER`S DIGEST, Depois de Jesus: o Triunfo do Cristianismo, 1a edição, Reader`s Digest Brasil Ltda, RJ, 1999, p. 107].
f) Cédulas de dinheiro (e moedas) costumam ter imagens nelas... Sinceramente, nunca vi protestante protestar, por exemplo, contra as efígies dos presidentes norte-americanos impressas nas chamadas “verdinhas”. [Nem muito menos: queimar, rasgar, ou jogar dinheiro fora só porque há alguma imagem estampada nelas... ainda bem que não fazem isso, não é mesmo!]. Também nunca vi eles criticarem os monumentos de heróis pátrios, como o de Abraham Lincoln (em Washignton) ou as gigantescas cabeças dos quatros primeiros governantes dos EUA, no monte Richmond. (Cito os Estados Unidos por ser uma nação majoritariamente protestante; aliás, um membro deste portal também citou estes exemplos.)
E as revistas, costumeiramente, elas também têm figuras? E jornais? E gibis? E livros? E enciclopédias? E atlas do corpo humano? E álbuns? E selos? E certas embalagens?... E boneca de plástico, não é uma imagem? (E olhe que é ao estilo de estátua!) Não nos esqueçamos dos ursinhos de pelúcias!... E não sejamos preconceituosos, incluamos também as imagens eletrônicas (Tv, Vídeo Games, etc). E os filmes (películas cinematográficas)? Fotografia também é um meio produzir imagens, ou não é?
Inclusive, muitos livros e enciclopédias apresentam figuras de ídolos (fotogramas de ‘estátuas de falsos deuses do paganismo’)! Vários livros didáticos há pinturas de ídolos, principalmente, os de História – quando tratam dos assuntos da História das Civilizações Antigas... Será que os protestantes não usam tais livros? Ou também estariam proibidos de tirar fotos de ídolos, quando visitam museus ou países onde ainda se têm monumentos do paganismo? [Protestante pode, ao menos, pintar figuras de ídolos? Isto é, olhando uma estátua de falsa divindade do paganismo transpô-la, por meio de pinceladas, para a tela. Bem, eu já vi pinturas de ídolos em livros protestantes.]
Eh! Mas não nos prostramos diante de tais coisas! (diriam os desafetos do Catolicismo) – Então, pelo que confessas, respondo eu, sem me estender muito por outras reflexões: o que vocês (neste seu modo de pensar) deveriam questionar seria, tão-somente, o ato de prostração e não o de ter imagens. [E ainda respondam-me: prostrar-se é, necessariamente, o mesmo que se ajoelhar? Ou é como comentei num item anterior, que elas se distinguiriam entre si, sendo prostração o ato de procumbir (ou cair por terra)?... Bem, seja como for, o mais importante é provar que prostração é necessariamente adoração. Daí, reitero o desafio: ‘Prove que prostrar é, necessariamente, adoração devida somente a Deus!`]
Alguns exemplos de prostrações feitas diante de criaturas:
- “Eliseu atravessou o rio. Os irmãos profetas... vieram ao seu encontro e se prostraram por terra, diante dele”(2 Rs 2,14-15).
- “Ester foi falar com o rei uma segunda vez. Lançou-se a seus pés, chorou, suplicando-lhe”(Est 8,3).
g) No Deuteronômio, contundo, fala da proibição de se fazer imagem de Deus; entretanto, é preciso termos ciência de dois pontos:
1o – É explicitado que o vetado era ‘imagem esculpida’(estátua): “Uma vez que nenhuma forma viste no dia em que Iahweh falou no Horeb, do meio do fogo, não vos pervertais, fazendo para vós uma imagem esculpida em forma de ídolo: uma figura de homem ou de mulher, figura de algum animal...”(Dt 4,15-17).
2o - A mesma passagem explica o porquê era proibida a confecção de tal imagem. Ou seja, como Deus, na Antiga Aliança, não havia se manifestado em forma visível ou de homem, ou de bicho, etc; logo, não fazia sentido caracterizá-lo ou estereotipá-lo... Na Nova Aliança, a Pessoa Divina do Filho se manifesta “em figura de homem”(Fil 2,7) e a Pessoa Divina do Espírito Santo “em forma corpórea, como pomba” (Lc 3,22).
Na Antiga Aliança, ouviu-se a Deus, mas não o viram. “Ouvíeis o som das palavras, mas nenhuma forma distinguíeis: nada, além de uma voz!”(Dt 4,12). Agora, porém, na Nova, São João, cheio de alacridade, escrevera testemunhando: “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos, e o que nossas mãos apalparam do Verbo da vida”(1 Jo 1,1).
Então, em Dt 4, é próprio Senhor Altíssimo que aclara o porquê não se podia, quando da Antiga Aliança, fazer uma imagem que o representasse simbolicamente: “Uma vez que nenhuma forma viste”(Dt 4,15). Coisa que foi superado, com o Novo Testamento. Pode-se representar, presentemente, o modo ou figura que Deus assumiu. Daí, as palavras de São João Damasceno: “Outrora, Deus, o incorpóreo e invisível, nunca era representado. Mas agora que Deus se manifestou na carne e habitou entre os homens, eu represento o ‘visível` de Deus ”[CUNHA, E., Imagens e Santos: um esclarecimento para o povo, 1a edição, AM Edições, SP, 1993, p. 32]
Em Gal 3,1, curiosamente, fala-se de se ter “desenhado” (há aqueles que traduzem por ‘descrita` ou alguma outra palavra que equivalha) a imagem de Messias crucificado. São Paulo queixa-se dos gálatas’que, depois de terem sido apresentados ao “desenho” do Crucificado, ainda assim, acabaram retornando ao apego das práticas mosaicas: “Quem vos fascinou, a vós cujos olhos foi desenhada a imagem de Jesus crucificado”(Gl 3,1).. [Realmente, em princípio, dá a entender que é o significado é o de ‘descrito’; entretanto, devido à expressão antecedente “ante cujos olhos” é que foi desenhada a imagem, pode sugerir, sim, uma figura. Seria, então, o primeiro relato de iconografia cristã???]
h) Também temos que chamar a atenção para o fato de que em nenhum lugar do Novo Testamento, ou Nova Aliança, está escrito ‘não farás imagens de escultura’ (nem muito menos pintura). Aliás, na Antiga, o que, ao que tudo indica, era proibido – com finalidades adorativas – eram ‘imagens de esculturas de divindades’.
Com a Nova Aliança, Jesus disse: “EU SOU”(Jo 8,58) e “quem tem meus mandamentos e os observa é que me ama”(Jo 14,21). “Se queres entrar para a Vida, guarda os mandamentos... Estes: “Não matarás, não adulterarás, não roubarás, não levantarás falso testemunho; honra pai e mãe, e amarás o teu próximo como a ti mesmo” ”(Mt 19,17-19).
Ele, que, com o Pai e o Espírito Santo, “não é um Deus de mortos”(Lc 20,37), bem afirma: “Se alguém guarda a minha palavra jamais verá a morte”(Jo 8,51); e ainda: “As minha ovelhas escutam minha voz... e eu lhes dou a vida eterna e elas jamais perecerão”(Jo 10,27-28). Não à toa, se auspicia logo o encontro com o Altíssimo (em sua celestial morada): “Sim, estamos cheios de confiança, e preferimos deixar a mansão deste corpo para ir morar junto do Senhor”(2 Cor 5,8); “o meu desejo é partir e ir estar com Cristo, pois isso me é muito melhor”(Fl 1,23). O quanto confiante é o clamor proferido por aqueles que venceram, pela graça divina, o mundo – como Santo Estêvão: “Senhor Jesus, recebe meu espírito”(At 8,59)!
E, afinal, estamos sob a Lei de Moisés ou sob a “Lei de Cristo”(Gl 6,2)?...Ademais, Mostre-me, na Bíblia, anterior a Aliança Sinaítica, a proibição de se fazer nem que seja estátuas! Cadê, tal passagem? [E aproveitam para questionar aos sabatistas: e o preceito sabático? Por acaso, Abraão cumpriu um tal preceito para que fosse reconhecido como “pai de todos aqueles que crêem”(Rm 4,4)? Ou Noé, declarado “arauto da justiça”(2Ped 2,5)? Ou Abel, reconhecido como “justo”(Mt 23,35) porque suas obras eram “justas”(1 Jo 3,12)? O qual, aliás, “mesmo depois de morto, ele ainda fala”(Hb 11,4)! Pois, ainda que esteja fisicamente morto, permanece espiritualmente vivo; conforme a palavra do Senhor que diz: “O que faz a vontade de Deus permanece eternamente”(1 Jo 2,17).]
Se tem algum tipo de proibição é na Aliança feita no Sinai, que é uma Aliança feita com os judeus que foram libertos do cativeiro do Egito. “Ouve, ó Israel... Iahweh não concluiu esta Aliança com nossos pais, mas conosco”(Dt 5,1.3). Tanto é que o Decálogo inicia assim: “Eu sou Iahweh teu Deus, aquele que te fez sair da terra do Egito”(Dt 5,6).
Noé ou Abel não guardavam o sábado, e nem eram proibidos de fazer imagens – mesmo estátuas; e digo isso, inclusive, no que concerne a estátuas de Deus. [Todavia, creio, mui fortemente, que eles não tenham feito estatuetas do Altíssimo (embora não lhes fosse proibido). Entretanto, no campo das hipóteses, não posso negar que seja possível; ainda mais que existem os tais ‘efod’ (que não são as vestimentas) e ‘terafins’, os quais, em passagens bíblicas, ora são muito criticados e ora não.].
O preceito sabático, bem como a proibição de imagem esculpida que representasse uma divindade, foram acréscimos da Lei de Moisés. Mas NO PRINCIPIO não era assim: tais normas não existiam. Foi o mosaismo que impôs, além doutras tantas; as quais, totalizadas, poderíamos dizer: formam “um jugo que nem nossos pais nem mesmo nós pudemos suportar”(At 15,10).
A Nova Aliança não é sinaítica, referente a um povo específico; porém, visa a universalidade (ou “catolicidade”) das nações, circuncisadas espiritualmente pelo batismo: “Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo: (Mt 28,19)! (Nossa Jerusalém, aliás, é a do Alto!) [Não à toa, mesmo tendo o Espírito Santo descido sobre o gentio Cornélio, familiares e amigos, a primeira ordem que o primeiro papa deu, com relação a eles, foi que fossem batizados: “Determinou que fossem batizados”(At 10,48). Haja vista “quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus”(Jo 3,5).
i) Mas o certo é que nem toda estátua é um ídolo! Por que, senão, o Templo de Deus, em Jerusalém, teria sido um tremendo bastião da idolatria; haja vista terem sido postas nele inúmeras imagens desse tipo.
Com efeito, ainda que, conforme alguns costumam apregoar, todo ídolo tivesse que ser uma estátua; isso não significaria que toda estátua é um ídolo. Assim como todo dólar é dinheiro, mas nem todo dinheiro é dólar.
Ademais, a Bíblia salienta, sim, essa idéia de templos apinhados de imagens. (Estranho, do ponto de vista escriturístico, são santuários consagrados à Divindade vazios de imagens, isso é que não tem muito sustentáculo bíblico.) Com efeito, está escrito sobre o Santuário do Altíssimo: “Quanto à grande sala... mandou esculpir por cima palmas e guirlandas... e depois mandou esculpir querubins nas paredes”(2 Cron 3,5.7), “mandou fazer a Cortina... e nela mandou bordar querubins”(2 Cron 3,14), “sobre as molduras que estavam entre as travessas havia leões, touros e querubins... e sobre o encaixe também havia esculturas” (1 Rs 7,29.31). [Portanto, no Divino Santuário, o que não faltavam eram imagens!]... Até na visão do Templo relatado pelo profeta Ezequiel, vê-se a profusão estonteante das mesmas: “Desde a entrada até o interior do Templo, bem como por fora, sobre toda a parede em torno – tanto por dentro como por fora – estavam querubins e palmeiras, uma palmeira entre dois querubins. Cada querubim tinha duas faces: um a face de homem.... e uma face de leão... Os querubins e as palmeiras estavam esculpidos sobre o muro, desde o chão até em cima da entrada”(Ez 41,17-20). “Sobre elas (sobre as portas do Hekal) estavam esculpidos querubins e palmeiras, como os que se encontravam sobre os muros”(Ez 41,25).
Já no Tabernáculo existiam imagens. Nele fora posta a Arca da Aliança, cujo propiciatório havia “dois querubins de ouro”(Ex 25,18). Tendo, inclusive, dez cortinas, sobre as quais estavam “querubins bordados”(Ex 26,1)... Sendo assim, você se prostraria diante de um tal santuário sabendo que existiam imagens dentro dele?... Pois está escrito: “Reverenciareis meu santuário”(Lv 19,30)!
Tenhamos em mente que: Deus não é contra as imagens (mas sim contra os ídolos). O que não significa que se possa utilizá-las de forma abusiva.
j) Muitos, quando falam do uso de imagens, só lembram de criticar a Igreja Católica. Existem várias Igrejas Ortodoxas, e elas usam imagens (ícones). “Templos” luteranos, até estátuas podem ser vislumbradas neles. Em determinadas igrejas Anglicanas, também. Certas “Igrejas” Reformadas (Calvinista) têm imagens pictóricas.
Tenho livros de determinadas denominações que estampam figuras, inclusive de Cristo: como de Testemunhas de Jeová e Adventista. Tenho, ainda, em mãos um livretinho (um espécie de gibi) recheado de figuras que representam anjos e santos; bem como de Jesus.
l) Pode até parecer uma espécie de prática supersticiosa alguém pegar um pedaço de pano e esfregar noutro ser humano para, por meio disso, ser operado prodígios... No entanto, o mesmo ato poderá ser uma forma lícita de adquirir e/ou ministrar uma benção, e é o que justamente está registrado no Texto Sacro: “Pelas mãos de Paulo, Deus operava milagres não comuns. Bastava, por exemplo, que sobre os enfermos se aplicasse lenços e aventais que houvesse tocado o seu corpo: afastavam-se deles as doenças, e os espíritos maus saíam” (At 19,11s.).
Portanto, a fé no que Deus nos ensina, revela que Ele pode, sim, associar uma cura (ou benção) a um ente material, como um pedaço de pano. [Ou mesmo um óleo, conforme está escrito: “E expulsavam muitos demônios, e curavam muitos enfermos, ungindo-os com óleo”(Mc 6,13). Ou até um bolo: “Isaias disse: “Tomai um pão de figos”(2 Rs 20,7); tomaram um e aplicaram sobre a úlcera e o rei ficou curado”(2 Rs 20,7). ] Ou, às vezes, a um ente imaterial, como uma “sombra”(At 5,15). E se o Altíssimo pode fazer tal associação, junto a uma criatura material, por que não poderia fazê-lo com relação às imagens? A princípio, nada o impediria! Pois imagens também são criaturas materiais. (Tudo que não é o Criador é criatura; seja essa criatura industrializada ou não pelas mãos humanas.) Aliás, está escrito: “Se alguém era mordido por uma serpente, contemplava a serpente de bronze e vivia” (Nm 21,9).
m) É pífia a afirmação que ‘deve’ ser rejeitada, essa ou aquela prática, só porque é passível de se cometer abusos. Ora, a própria Bíblia pode ser usada errada (e muito errada!), bem como praticamente tudo: o alimento, o carro, o medicamento, a faca, etc. Nem, por isso, invalida, per si, tais coisas. Com efeito, é como dizem: `O abuso (ou mau uso) não tolhe o uso`. [Mesmo o amor pode ser usado indevidamente; quando se ama mais a si mesmo do que a Deus, ou amar mais o filho ou pai do que o Senhor Santíssimo.]
Aquelas pessoas dos panos e aventais (cf. At 19) acorreram para angariar alguma benção, ou para si ou para os seus. E isso foi algo corretíssimo!... Se não fosse do agrado de Deus, ninguém teria sido curado. [Mas é, óbvio, porém, que a Religião não se restringe a práticas desse tipo; no entanto, por outro lado, isso também faz parte da Religião (ou, pelo menos, pode fazer). Quem moverá guerra contra Shaddai, impedido Deus de agir da forma que queira?]
Ou então, vai ver que esses hereges são mais sábios, mais santos e doutos que Deus! (Será que eles se acham assim?)... Se Deus, mas do que qualquer outro, sabia muito bem quem é o ser humano que ele criou, e mesmo assim não deixou de associar seu divino poder a essas coisas (inclusive à uma imagem), qual o metido à besta vai dizer que isso não pode. Em suma: DEUS pode vincular, sim, a sua benção a qualquer ser que ele quiser. E poderá fazê-lo, ontem, hoje, e sempre que julgar conveniente. (Gostem ou não gostem os heréticos!).
Mas essa negativa é devido a um falso e abobalhado (até mesmo gnóstico) conceito de que a divina religião é destituída de materialidade. Que suficiente seria a fé sentimentalóide! (Ou pior, o desprezo dos elementos materiais; para salientar uma ilusória espiritualidade que quer passar por cristã.) Basta ver a Ceia do Senhor onde há a matéria do pão que é transubstanciada. E mesmo entre os que não crêem assim, não tem como negar que existe o elemento material, o pão. A cura com óleo descrita nos evangelhos (cf. Mc 6,13) é outro exemplo... “Alguém dentre vós está doente? Mande chamar os presbíteros da Igreja para que orem sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor”(Tg 5,14)... Cristo assumiu a carne para mais consolidar que, na Religião Divina, o sobrenatural se anela ao natural. O poder espiritual, ao elemento material. A graça invisível é associada ao sinal visível. Ou seja, uma Aliança também sacramental.
n) Tanto Deus não olha para a aparência dos que escolhe que, para o primeiro rei de Israel, escolheu o belo Saul. Outro exemplo de homens que tiveram o favor divino, foi José do Egito; que também prefigurava ao Cristo de Deus. Diz a Escritura a seu respeito: “Era belo de porte e tinha um rosto bonito”(Gn 39,6). Os heróis da fé – Daniel, Ananias, Misael e Azarias – foram escolhidos para servirem no palácio real, dentre outros critérios, pela “boa aparência”(Dn 1,4).
Alguém citou a “feiúra” de Davi!!... Peço para mostrarem-me, na Bíblia, onde está informado tal coisa... Contudo, enquanto espero (sentado!), vou citar um outro texto sobre Davi que eu conheço: “Era ruivo, de belo semblante e admirável presença”(1 Sm 16,12).
Interessante é saber que cordeiro que iria ser imolado haveria de ser perfeito, sem defeito físico. Essa perfeição externa, no que tange um animal, poderia ter sido expressado na formosura humana do Cristo. Quiçá, aquela interjeição da mulher que bendisse os seios de Maria por causa de Cristo poderia está vinculada a admiração que ela teve por seus porte e traços físicos... O fato, porém, é que existem trechos bíblicos, cuja interpretação, apontam para mais do que presumível beleza do Messias: “Como és belo, meu amado”(Cânt 1,16). E ainda: “És o mais belo dos filhos dos homens, a graça escorre dos teus lábios”(Sl 45(44),3).
A feiúra da Paixão do Messias de Deus, vaticinada no escrito do profeta Isaías (cf. Is 53), e cumprida no alto do Calvário, teologicamente, estaria a mostrar o horror que causa o pecado. Ela exteriorizava (tornando visível) a hediondez que é uma alma imergida na impiedade. Em suma, notabilizava a deformidade espiritual que causa o pecado no homem; através dos mal-tratos sofridos em seu corpo.
[Parece, também, que é como se ele estivesse a nos ensinar: assim como vocês vêem, com vossos olhos carnais, o horror em que se transformou o corpo do Filho do Homem, e virais vossa face; similarmente, Deus, que enxerga espiritualmente, vislumbra a hediondez da alma imergida no pecado. Assim, ele também haverá de virar a sua divina face. Donde os pecadores haverão de ficar “longe da face do Senhor”(2 Tes 1,9).]
Bem! Se Jesus, comumente, fosse feio como descrevera Isaías; então, sejamos honestos, ele nem seria um homem feio; mas um monstrengo! Porquanto, está escrito: “Multidões ficaram pasmadas à vista dele – tão desfigurado estava seu aspecto e sua forma não parecia a de um homem”(Is 52,14). E, no capítulo seguinte, justamente, vai explicar o porque ele se encontrava tão destituído de beleza: dentre outras, por que o castigo (de nossos pecados) caiu sobre ele.
A Casa do Senhor (ou Templo de Deus) era exaltado por sua beleza: “Iahweh, eu amo a beleza de tua casa”(Sl 26(25),8). Entretanto, por causa do pecado do povo, por vezes, o Altíssimo o entregava nas mãos dos estrangeiros; os quais destruíam-no... Assim, fizeram os soldados romanos com o templo vivo do Deus Vivo que era o corpo de Cristo. Vilipendiaram-no, deixaram-no em “ruínas”. Aliás, o próprio Templo de Jerusalém, décadas depois, seria arrasado e deixado em escombros por tropas romanas. E, assim, aquele templo de pedras seria desfigurado como o fora o corpo de Nosso Senhor, que é Santuário de Deus (em plenitude): “Destruí este templo... falava do templo de seu corpo”(Jo 2,19.20).
o) E se a Igreja estivesse errada a cerca do uso de estátuas? (Como alguns podem questionar.)
Jamais a Igreja errou no que foi definido dogmaticamente (nem nunca errará)!... Todavia, ante esse atrevido e desafiante questionamento, e só para dar continuidade a tal discussão, indo, inclusive, até mais além, responderei: As Igrejas Ortodoxas usam ícones e não estátuas! Também não reconhecem o Romano Pontífice como chefe, nem professam – entre outras coisas – a imaculabilidade de Nossa Senhora... Portanto, mesmo que, absurdamente, os católicos se recusassem a confessar Maria como imaculada e ao papa como cabeça visível da Igreja, ou não utilizasse imagens-estátuas; ainda assim nós jamais seríamos hereges protestantes; teríamos que ser ortodoxos. Pois a impiedade doutrinária que reina, em geral, no protestantismo, é tão grande, é tão infernal e abissal, que mesmo ante toda essa absurda conjecturação – como foi anteriormente hipotetizada – jamais se justificaria ser protestante. [Ser protestante é injustificável!].
Ah! Também é muito importante termos ciência de que existem ritos da própria Igreja Católica que não usam estátuas, mas ícones; como fazem os ortodoxos. Na Igreja Católica de Rito Melquita, por exemplo, são utilizados ícones.
O uso de imagem é legitimada pela Igreja. A qual recebeu tal poder de Deus (que a autoriza, portanto): “Tudo que ligares na terra será ligado no céu e tudo quanto desligares na terra será desligado no céu”(Mt 18,18).
PS.: Tudo que escrevi está sujeito à autoridade da Igreja Católica; a qual tem o poder de corrigir, refutar, completar e tudo mais que for necessário para preservar o Sagrado Depósito da Fé.
Perdoem-me, desde já, os presumíveis erros... ainda mais num texto deste tamanho. Os quais devem ser creditados a minha, tão pouca instruída, pessoa.
[Adendo 1: Idolatria no sentido largo (`lato sensu`) engloba impureza, avareza, etc – conforme explicitou São Paulo: “Pois é bom que saibas que nenhum fornicário ou impuro ou avarento – e que é uma idolatria”(Ef 5,5).]
[Adendo 2: Prostra é o mesmo que SIMPLESMENTE ajoelhar?... Parece-me que é ajoelhar acompanhado de algo mais.]
[Adendo 3: Não era somente a árvore da ciência do bem e do mal era formosa; haja vista, também está escrito: “Deus fez crescer do solo toda espécie de árvores formosas de ver e boas de comer”(Gn 2,9)... E quando se diz que Satanás se transfigura de Anjo de Luz, entendendo igualmente, aqui, que ele imita, em beleza, tal ser celestial; isso, de cara, significa que o ser celestial é belo (“por direito”) enquanto o Dragão o é por macaqueação. O próprio dos seres celestiais não é, pois, a beleza? E cristo não é o pão vivo descido do Céu?]
[Adendo 4: Se prostração pode ser apenas uma reverência ou homenagem; entretanto, no contexto que é citado no capítulo 1 da Epístola aos Hebreus o entendimento é, sim, de adoração. Veja o que está escrito: “E ao introduzir o Primogênito no mundo, diz novamente: Adorem-no todos os anjos de Deus. A respeito dos anjos, porém, declara: torna em vendavais os seus anjos, e em chama de fogo os seus ministros. Ao Filho, porém, diz: O teu trono , ó Deus, é para os séculos dos séculos... por isso, ó Deus, ti ungiu o teu Deus... Diz ainda: És tu, Senhor, que nas origens fundastes a terra; e os céus são obras de tuas mãos”(Hb 1,6)... Se essa prostração não é adorativa, qual seria então?... Fico imaginado: Se um católico trata-se um santo (ainda que anjo) com a metade dos elogios que foi dito com relação ao Divino Cristo, seria logo acusado de estar tomando o santo por deidade. Agora, só para sustentar, a ferro e fogo, uma tese sumamente anticristã, alguns negam que a tal prostração seja adoração, feita em reconhecimento à Divindade do Senhor Jesus. Vê se pode uma coisa dessas!]
[Adendo 5: Quando Iavé fala que encheu a Beseleel com o Espírito de Deus (Ex cf. Ex 31,1), não dá a nítida impressão de é como se uma pessoa estivesse falando de outra? Não está aqui uma referência ao mistério da Santíssima Trindade?! ... Pois quando falo, por exemplo: ‘Enchi a mala com os livros de Maria`; fica claro que eu sou uma pessoa e Maria outra.]
[Adendo 6: Existem várias passagens bíblicas que falam sobre os uso lícito do incenso... Não tratarei disso aqui. Mas, se for necessário, noutro escrito, não deixarei de repelir, com veemência, a serpente maldita e sua rocambolesca ninhada! Pois tendes firme que: quem é inimigo da Igreja é como as portas infernais. ]
OBS.: Perdoem-me por não ter me dedicado, mais detidamente, a esta temática, mas são tantos os temas que não dá para ficar somente num... Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo, pela Santa Fé que é católica (isto é, universal); até por que ela é universalmente celebrada (ou seja, celebrada em todo lugar). Por isso, “eu dou graças ao meu Deus mediante Jesus Cristo, por todos vós, porque vossa fé é celebrada em todo mundo”(Rm 1,8).
Esperançoso, como os Apóstolos, que: após a “minha partida”(2 Pe 1,15) deste mundo, o Senhor “me levará a salvo para o seu Reino celeste”(2 Tm 4,18). E possa gozar da companhia do Divino e de seus filhos “santificados” (At 26,18) [os quais Ele chamou, justificou, e glorificou: cf. Rm 8,30]. E esse mesmo bem desejo a todos vós; por isso: “Sede santos, porque... Iahweh vosso Deus”(Lv 19,2) é “santo”(1 Pe 1,16) e “fazei amigos... a fim de que... eles vos recebam nas tendas eternas”(Lc 16,9).
“Conjuro-te, diante de Deus e de Cristo Jesus e dos anjos eleitos, que observes estas regras sem preconceito”(1 Tm 5,21).
Bibliografia
- A BÍBLIA DE JERUSALÉM, Editora Paulus, SP, 1996.
- CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA (CIC), 5a edição, Editora Vozes Edições Paulinas Edições Loyola Editora Ave-Maria, RJ/SP, 1993.
- CUNHA, E., Imagens e Santos: um esclarecimento para o povo, 2a edição, AM Edições, SP, 1993.
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- NAVARRO, Lúcio, Legítima Interpretação da Bíblia, 2a edição, Campanha de Instrução Religiosa Brasil-Portugal, Recife, 1957.
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“Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e as porta do Inferno nunca prevalecerão contra ela”(Mt 16,18).
Fiquem com Deus!
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