sexta-feira, 9 de julho de 2010

Texto Extra

Wagner Herbet Alves Costa (1968-2006)

OBS.: Este texto é uma resposta a uma série de questionamentos que foram feitos por um protestante em outro site. Questionamentos que, de praxe, sempre são diuturnamente levantados por sectários. Como, por exemplo, a sentença de 1 Tm 2,5 que fala que Jesus é o único mediador e que, supostamente, vetaria a possibilidade de os santos celestiais intercederem. Ou aquela de Mc 3 que fala que ‘minha mãe é a que faz a vontade de meu Pai que está no céu’. Ou ainda, que Cristo não quereria que se elogiasse Maria por lhe ter dado à luz, cf. Lc 11. Dentre outras.

Penso que ele possa, ainda que parcialmente, colaborar na elucidação de muitos desses fatos, constantemente, despejados contra a fé dos católicos.


Prezados Participantes

Teve um protestante que expôs um texto dele para ser analisado. É o que me proponho, aqui, com meu parco conhecimento, a fazê-lo. Perdoem-me, desde já, a falta de cabedal para dar melhores respostas. E como não vai ser possível responder tudo duma só vez; essa missiva, por conseguinte, é a primeira parte. [E não adiante sectário algum vir com palavras adocicadas ou camufladas para, por fim, dizer que a Igreja Católica está errada – e, concomitantemente, lançar perniciosas críticas; além de incitar os católicos a abandonarem-na. E de desde já esclareço: citar um amontoado de passagens bíblicas, isso não é estudo... está mais para o método que Satanás utilizou para tentar Nosso Senhor Jesus Cristo.]...
Começarei pelo final, onde ele sugere que se procure uma igreja onde a verdadeira doutrina seja ensinada... Ora, com certeza não poderia ser qualquer das “igrejas” protestantes; até porque as mesmas surgiram mais de mil anos depois daquela que o Senhor fundou sobre Pedro (que é a Igreja Católica). Além do mais, as denominações protestantes depõem contra elas próprias; haja vista, umas, pela Bíblia, dizem que é legítimo o Batismo de Crianças, já outras negam; umas, também, por meio da mesma Escritura Santa, afirmam que as almas no além estão conscientes, enquanto outras contradizem; e assim por diante. Como pode numa confusão infernal destas – que é o protestantismo – poderia estar a Igreja do Altíssimo?



Deus deixou uma Igreja hierarquizada para poder levar aos rincões da Terra a Palavra de Deus não adulterada. “É a Igreja do Deus vivo: coluna e sustentáculo da verdade” (1 Tm 3,15). Perceba: a verdade é sustentada pela Igreja única de Deus! (E não por interpretações individuais dos que lêem a Escritura Sagrada.) Daí, na Bíblia, estar sentenciado: “Obedecei aos vossos dirigentes, e sede-lhes dóceis; porque velam pessoalmente sobre vossas almas” (Hb 13,17). Os hereges movidos pelo espírito de insubmissão, como é próprio do pai deles, o ‘Diabo e Satanás`, detestam autoridade. Não conseguem aturar que determinadas pessoas são maiores (em autoridade e/ou poder); pois lhes faltam a humildade. “Tenhais consideração por aqueles que... vos são superiores e guias no Senhor”(1 Tes 5,12).



Quantos não foram os ditos evangélicos que, discordando de seus verdadeiros pastores, acharam-se autorizados, pelo próprio Deus Altíssimo, a fundarem as suas próprias igrejolas?... Quanta presunção! Quanta insubmissão!... Está escrito: “Estes os que causam divisões... não têm o Espírito” (Jud 19). [Eles repetem o oficio do Diabo, dividindo os filhos de Deus – aliás, um dos significados etimológicos da palavra ‘diabo’ é divisor.]



E a vontade de Deus é que ouçamos a Mãe Igreja. Contudo: “Se nem mesmo à Igreja der ouvido, trata-o como o gentio e o publicano” (Mt 18,17).



A Deus nos veneramos (ou servimos) e adoramos; aos santos nós veneramos; aos ídolos (imagens de falsas divindades do paganismo) nem veneramos, nem muito menos adoramos.



Por certo, não é errado servir as criaturas, por que senão Jesus jamais teria vindo a Terra ‘para servir e não para ser servido’. Além do que, a citação de Rm 1 fala per si: “serviram mais ao homem do que a Deus” (sic); quando, obviamente, é a Divindade que devemos servir MAIS. [Como também devemos: amar ‘mais’ a Deus do que os homens, honrar ‘mais’ a Deus do que os homens, etc. E não botar a carroça na frente dos bois.] Ou como está na Vulgata: “Serviram a criatura de preferência ao Criador” (Rm 1,23)... Entretanto, a questão aqui – independente da versão bíblica que se use – está em se perceber a sentença por inteira, que é: “Adoraram e serviram a criatura de preferência ao Criador”(Rm 1,23). Notaram: o problema é que ADORARAM a criatura, e não simplesmente a serviram.



Quanto à recusa de Simão Pedro, em receber a citada prostração, era porque se constituía numa prostração adorativa; a qual não visava somente homenageá-lo ou reverenciá-lo, mas adorá-lo (tratando-o por divindade). De fato, está escrito: “prostrou-se aos seus pés, adorando-o”(At 10,25). [Está claro: “adorando-o”!] Daí, inclusive, Pedro refutar dizendo: “sou apenas um homem”(At 10,26). Sendo que, na Sagrada Escritura, em contrapartida, quando não é com finalidade adorativa (porém apenas venerativa), podemos encontrar inúmeros exemplos de prostrações legitimamente feitas perante criaturas. Eis um deles: “Quando chegou o profeta Natã... Ele veio perante o rei e se prostrou diante dele, com rosto em terra”(1 Rs 1,22-23).



Cuidado com o ‘SÓ’!!!. Martinho Lutero colocou um “só”, na tradução da Bíblia que fez, antes da palavra fé para justificar o ímpio conceito de que somente a fé salvaria. (Graças a Deus, há muito, corrigiram esse erro.) Mas, não era de Lutero que eu queria falar... Era do perigo dessa palavrinha que, mesmo que não esteja escrevinhada nalgum texto, muitas vezes querem “escrevê-la” na forma de se ler a Sagrada Escritura... Se um pai diz, por exemplo, para seu filho: ‘Leia o capítulo 5 do Evangelho de João hoje à tarde’, obviamente, não é a mesma coisa que dizer: ‘Leia SÓ o capítulo 5 do Evangelho de João hoje à tarde’. (No primeiro caso, não há exclusão de outros capítulos; no segundo, sim.) De sorte que, analogamente, Jesus nunca disse: ‘Peçam SÓ a mim’; isso ele não disse. Disse, tão-somente, ‘peçam a mim’.



Não nos esqueçamos, igualmente, que a bíblia (com bê minúsculo) dos protestantes falta parte da Revelação Escrita de Deus; ela não tem os deuterocanônicos. Por conseguinte, eles – imergidos no erro da Rebelião principiada por Lutero – não usam a Escritura Perfeita, autorizada pelo Altíssimo e comunica ao mundo por meio de sua única Igreja. E, de modo algum, eles seguem essas Sacras Escrituras. Nem mesmo as que eles têm (a `bíblia dos meia-meia`, pois só tem 66 livros`); haja vista, está escrito na própria bíblia deles que é necessário guardar as tradições apostólicas (que é diferente das tradições farisaicas que Jesus repeliu): “Guardai as tradições que vos ensinamos oralmente ou por escrito”(2 Te 2,15). Ademais, conforme também está escrito, nem tudo que o Senhor fez está registrado no texto bíblico: “Há, porém, muitas outras coisas que Jesus fez e que, se fossem escritas uma por uma, creio que o mundo não poderia conter os livros que se escreveriam”(Jo 21,25). Portanto, mais uma vez, comprova-se o quão satânico e imbecil é princípio de que só vale o que está na Bíblia – o tal da ‘Sola Scriptura’.



Que os santos rogam por nós, isso a Bíblia deixa claro no livro dos Macabeus, ao mencionar o profeta Jeremias, já morto, no além-túmulo, intervindo pelos irmãos da terra; conforme a visão “digna de fé” relatada: “Apareceu a seguir, um homem notável... Este é o amigo dos seus irmãos, aquele que muito ora pelo povo e por toda a cidade santa, Jeremias, o profeta de Deus”(2 Mac 15,13s.) [Se a bíblia protestante não tem este livro: isso é um problema deles! A nossa tem, e isso é suficiente.]



E se o menor no Reino dos Céus é maior do que um grande profeta de Deus em missão neste mundo; então, é de grandiosa valia nos dirigirmos a eles (os que se encontram no paraíso) em nossas preces. Principalmente, incitando-os a louvarem e adorarem nosso Senhor; conforme está escrito. Assim, em nossas orações, não deixemos de conclamá-los: “Louvai-o todos os anjos”(Sl 148,2) e “Exultai com ele, ó céus, e adorem-no todos os filhos de Deus”(Dt 32,43). [Quem disse que orar aos santos do céu é somente para pedir suas intercessões?]



O Apocalipse mostra, expressamente, que Jesus não é o único que intermedeia as orações:



- “Da mão do Anjo, a fumaça do incenso com as orações dos santos subia diante de Deus”(Ap 8,4).

- “Os quatro Seres vivos e os vinte e quatro Anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, cada um com uma cítara e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos”(Ap 5,8).



Notaram que é perante o Cordeiro, o Divino Cristo, que eles depõem também as orações dos cristãos (chamados na Bíblia de ‘santos’, cf. 1 Cor 16,1)! Para mostrar que eles têm acesso a Jesus. E é devido a Jesus que se pode chegar até o Pai. [De fato, para chegar ao Pai, faz-se necessário o Filho; mas não para se achegar ao Filho. (Comparável, pois, a uma empresa que ninguém tem acesso ao diretor senão se passar primeiro pela secretária. Ou seja, ninguém vai ao diretor, senão pela secretária; todavia, se pode aproximar da secretária por meio de várias outras pessoas.) Maria, por exemplo, é medianeira junto a Cristo e Cristo, por sua vez, é o mediador junto ao Pai.]



Muitos protestantes, costumeiramente, têm esse mau hábito de pinçar um amontoado de citações que supostamente desvalorizariam os santos benditos de Deus, principalmente a Virgem Maria. Mas, com certeza, não são as passagens bíblicas que os desvalorizam, e, sim, esses ditos evangélicos; porquanto, para começo de conversa, eles são capazes de crer que até um pastor, de uma esquina qualquer da vida, pode alcançar, por seus rogos, uma cura prodigiosa... enquanto os santos e abençoados do Céu, que desfrutam da companhia do Todo-poderoso, nada poderiam em favor dos seus irmãos, em Cristo, que ainda peregrina pela mundo. (Vê se pode uma coisa dessas: os pastores deles, muito podem; já os santificados de Deus, nada!)



Veja que eu não generalizei, porquanto não disse que todos o protestantes agem assim. Até por que, sempre existiram “evangélicos” que não desconsideraram a Intercessão do Santos, tendo em vista a existência da Comunhão dos Santos. Inclusive, mesmo em comissões ecumênicas de estudo, já acenaram positivamente para a realidade de os seres santificados dos céus intervirem, com seus rogos, a nosso favor. “Tomaremos como base um documento assinado por vários teólogos, católicos, protestantes (luteranos, calvinistas ou reformadores), anglicanos e ortodoxos orientais, no fim do Congresso Mariológico realizado na Ilha de Malta, entre 8 e 15 de setembro de 1983. Tal documento considera não somente a piedade para com Maria Santíssima, como também a devoção aos santos, de modo geral”[CUNHA, E., Imagens e Santos (um esclarecimento para o povo), 1a edição, AM Edições, SP, 1993, p. 57].



Uma mulher, sem estar cheia do Espírito Santo, e, muito provavelmente, julgando apenas pelas aparências, bendiz a dimensão procriativa de Maria; daí ela falar ‘seios’ e ‘entranhas’. Em contrapartida, outra mulher, Santa Isabel, “repleta do Espírito Santo” (Lc 1,41), iluminadamente, bendiz a pessoa inteira de Nossa Senhora: “Bendita és tu”(Lc 1,42)! [Pois Maria não é só a que gerou o Cristo, mas também a creu, e aquela que sempre se colocou como serva obediente do Altíssimo.]



Entretanto, não que dizer que Jesus tenha rejeitado, de todo, o louvor que aquela varoa, no meio do povo, dirigira à sua genitora; pois, conforme está apresentado no site Mariology.com: “M. Galizzi nota “que a adversativa ‘em lugar’ não é completamente exata, porque o particípio grego não tem matiz adversativa e é melhor traduzida por ‘até mesmo mais’; isto é: ‘até mesmo mais abençoados são aqueles que ouvem’ ”[http://www. mariology.com/sections/biblical.html]. Dando, a idéia de que aquela que foi lembrada por ser o ventre que o gestou é feliz, sim; entretanto, mais até, devem ser felicitados aqueles que observam a palavra do Altíssimo.



De qualquer forma, essa sentença de Cristo (de que felizes são “os que ouvem a Palavra de Deus e a observam ”, Lc 11,28) perfeitamente se enquadra à Virgem Santíssima; ela que deu seu perfeito sim à mensagem que vem do Alto: “Faça-se em mim segundo a tua palavra”(Lc 1,38).



Assim, Maria é bendita por sua fé, Maria é bendita por sua obediência e Maria é bendita, também, por ter gerado em seu ventre, como homem, o Filho de Deus. (Ainda que, por ventura, seja mais bendita por sua fé e obediência.)



Tenho para comigo que, se aquela mulher soubesse que Jesus era Deus e ela estivesse louvando Maria por ser sua mãe, Cristo nada acrescentaria. No entanto, a avaliação da mesma era apenas do ponto de vista natural (e não sobrenatural, como foi a de Isabel); por isso, Jesus procurou objetivamente salientar, diante do que a mulher tinha na consciência, a questão da obediência ao Altíssimo... Ao que parece, muito comumente, Jesus dava suas resposta mediante o grau de consciência dos seus interlocutores. É semelhante à vez que o jovem rico lhe dirigiu a palavra chamando-o de Bom Mestre, e que ele lhe respondeu: “Por que me chamas de bom? Ninguém é bom, senão só Deus”(Lc 18,19). Em que Cristo não negou (nem quis negar), per si, a sentença que o rapaz proferiu. Pois, de fato, o moço disse uma verdade; entretanto, o mesmo não tinha consciência dessa verdade que proferia.



Não só Jesus padeceu por mim, mas muitos e muitos outros também deram sua vida pelo bem da Igreja. Daí, aquela conhecidíssima frase da Antiguidade Cristã: ‘O sangue dos mártires são sementes de novos cristãos’. São Paulo mesmo testifica: “Completo, na minha carne, o que falta das tribulações de Cristo pelo seu Corpo, que é a Igreja” (Col 1,24). Pessoas que, hodiernamente, são preciosos exemplos de santidade e amor a Deus e ao Evangelho, as quais devemos seguir imitando-os. Está escrito: “Sede meus imitadores, como eu mesmo o sou de Cristo”(1 Cor 11,1).



“Tomai com exemplo de uma vida de sofrimento e de paciência os profetas que falaram em nome do Senhor. Notai que temos por bem-aventurados os que perseveraram pacientemente”(Tg 5,10s.). “Desejamos somente que cada um de vós demonstre o mesmo ardor... para não serdes lentos a compreensão, e sim imitadores daqueles que, pela fé e pela perseverança, recebem a herança das promessas”(Hb 6,12). E esta, aliás, é uma das finalidades do Culto aos Santos: apresentar os heróis da fé como modelos a serem imitados. [Daí, mesmo que, absurdamente, nenhum católico não mais pedisse os rogos dos santificados do céu, ainda assim, seria lícito e proveitoso cultuá-los.]



Nosso Senhor quer que aqueles que o honram sejam, universalmente (ou catolicamente), honrados, conhecidos e amados: “Em verdade vos digo que, onde quer que venha a ser proclamado o Evangelho, em todo o mundo, também o que ela fez será contado em sua memória”(Mt 26,13)... Jamais, ó Senhor, deixaremos de erigir um memorial aos teus santos! Estes “filhos de Deus” (Jo 1,12) que foram recebidos no “seu Reino celeste” (2 Tm 4,19).



Temos os santos de Deus, como pais espirituais. Como “nosso pai Davi” (At 4,25), ou Abraão que “se tornou pai de todos aqueles que crêem”(Rm 4,11). Por conseguinte, é nosso dever honrá-los!



Jesus ser nosso Salvador não anula o valor dos seus santos. Muito pelo contrário, pois foi ele mesmo quem os santificou e glorificou: “Os que predestinou, também os chamou; e os que chamou, também os justificou, e os que justificou, também os glorificou”(Rm 8,30). Cristo glorifica os seus eleitos e, em contrapartida, certos hereges parece que fazem tudo para retirar-lhes toda e qualquer glória. Vai ver que é a ignorância de se achar que só Deus tem glória. Pois sabei: uma é a gloria de Deus, outra é a “glória dos filhos de Deus”(Rm 8,21). O que o Altíssimo não dá é a SUA própria glória de ser o criador de tudo que há, ou seja, de ser DEUS. Mas, não deixa de premiar, segundo lhe apraz, concedendo graça e glória aos seres por ele amado: “Deus concede graça e glória”(Sl 84(83),12). Diz o Senhor: “Eu os glorificarei”(Jer 3019)!



De fato, Jesus é o único que salva, no entanto, ele o faz através de sua Igreja; que misticamente é seu Corpo. “Como Cabeça da Igreja, que é o seu Corpo”(Ef 1,22s.). Tem gente, que até se diz cristão, mas que não consegue acolher muito bem essa grandiosa verdade que é união que há entre o Messias e a sua Igreja. Da qual fazem parte não só os que partiram do mundo, mas também os discípulos de Cristo que cá estão. Daí, quiçá, mesmo um servo sem préstimos como eu (o mais indigno dos membros da Mater Ecclesia) poderia ser usado como um seu instrumento salvífico, a exemplo de outros do passado. Seguindo o que foi recomendado a Timóteo, ao qual São Paulo dirigiu essas pressurosas palavras: “Persevera nestas disposições porque assim fazendo, salvarás a ti mesmo e aos teus ouvintes”(1 Tm 4,16). E na Epístola de São Judas encontramos: “A outros procurai salvar, arrancando-os ao fogo” (Ju 23)... Como, então, duvidar que os santos de Deus não podem ser utilizados, pelo próprio Altíssimo, como instrumentos seus de salvação?



Deus, com certeza, é a fonte de todos os milagres; entretanto, seria completamente errado dizer que fulano operou tal milagre? Se for, então, como se explica o que está escrito nos Atos dos Apóstolos: “As multidões atendiam unânimes ao que Felipe dizia, pois ouviam falar dos sinais que operava”(At 8,6). O sujeito dessa frase é o diácono Filipe, ele ‘operava’ tais sinais. Ou até mesmo o que proferiu nosso Senhor: “Quem crê em mim fará as obras que eu faço e fará até maiores do que ela” (Jo 14,12). Não seria melhor, diriam alguns, que Jesus tivesse dito: ‘Quem crê em mim eu farei por meio dele obras’? [Não sei se o que eu vou dizer está muito correto, contudo... Penso eu, no que diz respeito os trecho bíblicos mencionados, mal comparando, que Deus é o ‘autor’ dos milagres, mas as criaturas podem ser os ‘atores’ deles. Sendo elas os vasos comunicantes, ou canais da graça, por meio dos quais o Altíssimo poderá realizar um tal ato. Quando um ator fala numa peça, embora as palavras saiam de sua boca, elas são originalmente creditadas ao autor (pois foi ele que produziu a mensagem). Mas também as mesmas são creditadas, em segundo lugar, aos atores, porquanto eles realizam aquilo o autor queria que eles fizessem.] Obviamente, Deus pode realizar um milagre sem intermediação de qualquer criatura. De fato, ele pode agir tanto diretamente como indiretamente!



Está escrito: “E Paulo, fixando nele os olhos e vendo que tinha fé para ser curado, disse-lhe com voz forte: “Levanta-te direito sobre teus pés!” Ele deu um salto, e começou a andar”(At 14,9s.). São Paulo, aqui, não disse ‘em nome de Jesus’ ou ‘em nome do Senhor’, e mesmo assim a pessoa foi curada. Bastou constatar que a pessoa tivesse fé.



Segundo Mc 3, 33-35, podemos inferir que todas as santas de Deus são, espiritualmente, mães de Jesus. A diferença é que, além de mãe espiritual de Nosso Senhor, Maria é também, por graça divina, sua mãe biológica. [Portanto, ela é digna de ser, duplamente, honrada e reverenciada!]... Não devemos, pois, imitar a Cristo? E se Jesus aceita todas essas como suas madres, como nós as recusaríamos por mães?... É interessante o “recado” que São Pedro deixa às mulheres cristãs: “É o que vemos em Sara... Delas vós tornareis filhas, se praticardes o bem”(1 Ped 3,6). E se Santa Sara é colocada como modelo e mãe (espiritual) das seguidoras de Cristo, por que não Maria?



Ora, que Maria é nossa mãe, até Lutero chegou a reconhecer. “Lutero tinha fé e coragem para dizer simples e belamente que nós somos filhos de Maria. Ele diz que tudo que Cristo tem deve ser nosso, então também sua Mãe é nossa mãe”[SCHINELLER, SJ, Peter, Por que veneramos Maria, Editora Santuário, Aparecida-SP, 1995, p. 11]. E ele ainda disse: “Nós somos as crianças de Maria”[http://www.mariology.com/sectiones/biblical. html].



Cristão que se coloca, espiritualmente, como João apóstolo, ao pé da Cruz de Nosso Senhor, certamente, de muito bom grado, acolhe para si as palavras de Jesus (referentes à sua Santa Mãe Maria): “Eis a tua mãe!” (Jo 19,27).



No site católico Corazones.org igualmente cita que o sentido de mediação que só cabe a Cristo: é aquela de alguém que toma o lugar do outro para pagar-lhe o débito (que não teria condição alguma, por si, de saudá-lo): “Um menino quebra o vidro de um a casa; o menino não tem dinheiro para repor o custo do valor do vidro, pelo qual seu pai paga o vidro. Nosso Senhor Jesus pagou por nossos pecados”[http://www.corazones. org/diccionario/mediador.htm]. Jesus interveio recebendo, em nosso lugar, o peso da divida infinita que tínhamos diante de Deus.



Com efeito, está escrito: “Um só mediador... que se deu em resgate por todos”(1 Tm 2,5-6). Ou seja, Jesus é o único ‘mediador-resgatador’. Pois mediador que se dá em resgate pelos pecados da humanidade, só Cristo. (Por isso, somente ele é o Salvador!) Ainda que 1 bilhão de pessoas se oferecessem (em sacrifício) para salvar-me, não seriam mediadores-resgatadores. Entretanto, solicitar a alguém para pedir algo em meu favor, muitos e muitos estariam qualificados a assumir esse papel; até minha mãe seria uma prestimosa intercessora minha junto ao Senhor. (E se ela pode, muito mais os santos e anjos dos céus!)



Permitam-me, entretanto, acrescentar mais um comentário (que não deixa de ser polêmico): O termo ‘eis’, em grego, utilizado para dizer que há ‘um só’ mediador (em 1 Tm 2,5), significa, de fato, “um, porém, não no sentido excludente. S. Paulo poderia ter escolhido o ‘MONOS’ que se é excludente” [http://www.corazones.org./diccionario/ mediador/htm.]; mas ele não o fez. Ademais, sobre essa passagem 1 Tm 2:5, um meticuloso estudioso, Miguel Mingues, em seu livro ‘Mary, The Servant of the Lord: A Ecumenical Proposal (Boston: Daugther of St. Paul, 1978)’, comenta: “Quando o autor de 1 Tm pretende acentuar a singularidade de Deus, ele não usa ‘eis’, mas ‘monos’em poucos versículos antes, a saber em 1:17, bem como em 6:15,16. Na epístola inteira ‘eis’ ocorre em nossa passagem (2:5) somente”[http://www.mariology.com/sectionsstarting.hmtl]. Corroborando, muito provavelmente, que: propositadamente, São Paulo não teria querido utilizar um vocábulo que colocasse Jesus como exclusivo mediador.



E é, por esse caminho, que também aponta o ex-protestante Scott Hahn, dizendo: “Em primeiro lugar, a palavra grega que se utiliza aqui para único é eis, que significa ‘primeiro’ou ‘principal’, não monos, que significa ‘somente’ ou ‘só’ ”[http://www.es. catholic. net.secciones/articulo.phtml?ts=8&ca=74&te=370&id=6107].



Daí, se for assim como assinalou Scott Hahn, ainda que se queira – a ferro e fogo – enxergar que ‘mediador’ em tal passagem significaria intercessor (ou o que pede por outrem), de qualquer maneira, seria, catolicamente, interpretada da seguinte forma: ‘Há um principal (ou primeiro) intercessor`. Dando a entender, claramente, que existiriam outros intercessores secundários. Seria como alguém ser reconhecido como o ‘principal’ vendedor duma loja; o que não quer dizer que ele seria o único, mas o primeiro (o maior) dos vendedores.



Se Jesus é o único que interceder, o que seriam dos anjos que vivem a mediar nossas orações (cf. Ap 5,8; 8,3.)? Ou mesmo dos protestantes, os quais vivem rogando pelos outros? ... [Milhões e milhões de “evangélicos” intercedem pelos outros e, depois, muitos deles têm a desfaçatez de dizer que Jesus é o ÚNICO intercessor!]







P.S.: Tudo que escrevi está sujeito à autoridade da Igreja Católica; a qual poderá corrigir, completar, refutar e tudo mais que for necessário para preserva o Depósito da Fé.



E, perdoem-me, mais uma vez, pela visível incompetência de minha parte em defender as verdades da Santa Fé Católica... Que Deus, que é Bom, Santo e Misericordioso suscite outros mil vezes mais capacitados! Amém!




Bibliografia



-A BÍBLIA DE JERUSALÉM, Editora Paulus, SP, 1996.

-BÍBLIA SAGRADA (Traduzida da Vulgata e anotada pelo Pe. Matos Soares), 15a edição, Edições Paulinas, SP, 1988.

-CUNHA, E., Imagens e Santos (um esclarecimento para o povo), 1a edição, AM edições, SP, 1993.

-http://www.corazones.org/diccionario/mediador/htm.

-http://es.catholic.net.secciones/articulo.phtml?ts=8&ca=74*te=370&id=6170.

-http://www.mariology.com/sections/biblical.html.

-http://www.mariology.com/sections/starting.hmtl.



Fiquem com Deus!

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“Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e as portas do Inferno nunca prevalecerão contra ela”(Mt 16,18).

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