quarta-feira, 7 de julho de 2010

Viva Cristo Rei!

Wagner Herbet Alves Costa (1968-2006)

No debate intitulado “Quantas Mães Você Tem?” alguns pontos foram colocados por um “evangélico” (membro desse insigne fórum) que com certeza obliteram, ao menos em parte, o resplendor da Gloriosa Mãe de Deus. Apesar das minhas limitações apologéticas, concedam-me o obséquio de me por em defesa de tão sacra senhora. [E desde já, reitero que: se escrevi alguma bobagem, queiram desculpar-me a falta de destreza.]a) Como é costume entre os protestantes, não faltou ser citado aquela passagem da Epístola aos Romanos que fala que “Todos pecaram”, para fazer respingar também sobre a imaculada Mãe do Salvador essa pecha; a qual, obviamente, veementemente repelimos...
Primeiramente nos questionemos: ‘Será que o vocábulo “todos”, na Bíblia, sempre abrange a totalidade dos elementos em questão, ou, por vezes, há exceções (ou pelo menos uma exceção)?...


Está escrito: “João Batista esteve no deserto proclamando um batismo de arrependimento pra a remissão dos pecados. E iam até ele toda a região da Judéia e todos os habitantes de Jerusalém, e eram batizados por ele” (Mc 1,4-5)... As criancinhas (os bebês) não podem arrepender-se de seus pecados (porque não tem consciência disso), logo nem todos os habitantes da Judéia eram batizados. (Ou será que me equivoquei?). Porém, alguns desafetos do catolicismo dirão: ‘crianças não contam!’ (Será? De todo jeito, não seriam uma exceção?). No entanto, mesmo deixando para lá o exemplo das criancinhas, digam-me, então, por que noutra parte da Bíblia é declarado que muitos homens adultos não receberam o tal batismo, haja vista rejeitarem-no? “Os fariseus e o legalistas, porém, não querendo ser batizados por ele, aniquilaram para si próprios os desígnios de Deus” (Lc 7,30).


Portanto, num lugar da Escritura (em Marcos) emprega-se o termo ‘todos’; só que, em outro, é apresentado que nesse ‘todos’ existem exceções. [Não seria, pois, a correta leitura da Bíblia Sagrada a seguinte: “Todos os habitantes de Jerusalém” (Mc 1), EXCETO “os fariseus e legalistas”(Lc 7), foram batizados por João?]


Também está na Bíblia: “Tudo caminha para um mesmo lugar: tudo vem do pó e tudo volta ao pó” (Ecl 3,20). “Não vão todos para o mesmo lugar?” (Ecl 6,6). “Assim, todos tem o mesmo destino” (Ecl 9,2)... E o que dizer de Henoc e Elias que não tiveram o mesmo fim comum aos mortais? (Alguém aí, no fórum, citou aquele verso famoso: “E agora José?”)... A palavra ‘todos’, neste exemplo, admite exceção: sim ou não?... Além do que, no Novo Testamento é igualmente dito que na ocasião da Volta de Cristo: “Nem todos morreremos” (1 Cor 15,51). E os cristãos, na Parusia, também não são uma exceção aquele destino comum a ‘todos’?


Lá vou eu encompridando o texto, de novo! Perdoem-me, mas como não quero dar mole para protestantes, eis outro exemplo: No Apocalipse está escrito que as aves do céu são convidadas para comer “as carnes de todos os homens” (Ap 19,18). Ora, “todos” os homens nesta passagem, claramente, não se refere a todas as pessoas da humanidade (ou seja, não são as carnes de todos, sem exceção), porque senão ter-se-ia que incluir as carnes de Elias, de Henoc e mesmo Moisés, que embora morto teve seu corpo preservado por Deus Altíssimo (cf. Ju 9). (Além é claro, de que os fiéis que estiverem vivos, no Advento, e não morrerão; mas serão transformado!)... ‘Todos’, no referido versículo apocalíptico, quer indicar gente de todas as categorias ou classes sociais (contrários ao Reino dos Céus): “reis... capitães... poderoso... livres e escravos, pequenos e grandes” (Ap 19,18).


Só mais um: “Samuel julgou Israel todos os dias de sua vida” (1 Sm 7,15). Por ventura, Samuel já era juiz de Israel quando tinha 1 ano ou mesmo 1 mês de idade?... (Dispenso-me até de comentar.)


b) Quando forem discutir a imaculabilidade de Nossa Senhora, recomendo que façam mãos de alguns trechos do Cântico dos Cânticos. Pois neste livro [cuja Amada, nele citada, pode ser interpretada como sendo a Mãe do Divino Redentor] fornece-nos certos versículos bastante curiosos e aplicáveis em argüições quanto a ela ser ‘sem mancha’ (imaculada) ou ‘defeito algum’, desde que se dê uma interpretação espiritual.


“Como lírio entre os espinhos” (Cant 2,2), assim é a “bendita” (Lc 1,42) Maria “entre as mulheres” (Lc 1,42). [Portanto, mesmo em meio ao espinheiro do pecado em que a humanidade se transformou, uma criatura humana, diferentemente, resiste: como uma flor de agradável olor para Deus.] Dela poderemos igualmente dizer: “És toda bela... e não há mancha em ti” (Cant 4,7); pois “és formosa” (Cant 1,15) e “cheia de graça” (Lc 1,28)!


Obs.: inclusive tem tradução do livro do Cântico dos Cânticos que usa explicitamente a palavra “imaculada” para dizer que ela é sem mancha ou defeito.


Por vezes, Deus cria “exceções” as suas próprias sentenças. Como no caso da humanidade pré-diluviana que, tão cheia de pecado, fez o Senhor decretar que o limite da vida humana não ultrapassaria a 120 anos: “Meu espírito não se responsabilizará indefinidamente pelo homem, pois ele é carne; não viverá mais do que cento e vinte anos” (Gn 6,3). Se o caráter justiceiro do Altíssimo decretou tal sentença; por outro lado, a sua misericórdia, que é infinita, propiciou exceções; basta ver o tronco semítico (os descendentes de Sem, filho de Noé) do qual pertence à família de Abraão. O próprio Abraão viveu “cento e setenta e cinco anos” (Gn 25,7) e Sara, sua esposa, “cento e vinte sete anos”(Gn 23,1).


Enfim: Deus pode ou não tratar quem quer que seja, distinto e gratuitamente, segundo a sua liberdade e misericórdia (ainda que, no assunto em questão, pese haver uma sentença geral, em contrário, concernente a todos os seres humanos)?... [Caso você tenha dito ‘não’, eu recomendo que leia de novo o parágrafo anterior.]


Havendo uma sentença divina que, com justiça, estava destinada a atingir todos os membros da humanidade; todavia, Deus, em sua infinita misericórdia, houve por bem fazer uma exceção, estipulando, na ordem da graça, uma criatura humana que nunca teria qualquer comunhão com o pecado: Maria... Veja, Maria não é imaculada por direito de seus pais; mas pela gratuidade de Deus.


Como eu expliquei certa vez a minha irmã: ‘Eu não merecia ter uma mãe imaculada, você não merecia ter uma mãe imaculada, aliás, ninguém merecia ter uma mãe imaculada; exceto um, o Verbo da Vida Encarnado, Jesus. Este, sim, merecia ter uma mãe totalmente pura, santa e isenta de toda mácula. A imaculabilidade de Maria, portanto, é puro merecimento de Cristo, é ele quem merece ter sua mãe totalmente livre do pecado’. [Eu pergunto: Jesus merecia ou não ter uma mãe assim?]... Em suma, a causa da Imaculabilidade de Maria é Cristo!


O Imaculado Cristo foi concebido no seio da Imaculada Maria, por obra do Imaculado Espírito Santo!


Tô me estendendo, novamente... Bem, quiçá, noutra oportunidade comente mais sobre esse precioso dom que Deus concedeu à Maria (e que podemos até dizer, indiretamente, à humanidade) que é a sua imaculabilidade.


Nasceu Jesus (que significa ‘Javé Salva’) daquela que é a cheia de graça para apontar-nos, dentre outras coisas, que a Salvação “nasce” da Graça!


c) Sobre a sentença que diz que ‘dos nascidos de mulher ninguém é maior do que João’ (cf. Mt 11,9) me parece mui oportuno citar um interessante comentário de uma nota de roda pé presente numa obra de um renomado estudioso bíblico e hermeneuta, o russo Aleksandr Mien (presbítero ortodoxo, portanto um não católico romano): “Estas palavras de Jesus não se referem à Maria, sua mãe, dado que, pelo gênero gramatical masculino no texto original, a expressão só se pode referir a indivíduos desse sexo”[MEIN, Aleksandr, Jesus Mestre de Nazaré, 7a edição, Editora Cidade Nova, SP, 1999, p. 146, nota 6]. Ou seja, o termo atingiria somente os homens (e não conjuntamente as mulheres).



Se for assim, como está descrito na nota citada, então, conseqüentemente, não se precisaria mais qualquer outro comentário a respeito; posto que, a questão já estaria perfeitamente solucionada. Entretanto, permitam-me acrescentar algumas observações bastante pertinentes dum apologeta católico, o senhor Alexandre Semedo: “O mistério de Maria é muitíssimo mais excelso do que o de João Batista. João não era digno de desatar os nós das sandálias de Jesus, mas Maria foi digna de gerá-lO, carregá-lO em seu ventre, dar-lhe à luz e amamentá-lO. João ainda era um filho de Adão, gravado pelo pecado. Maria inaugura a Nova humanidade, livre do pecado”[http://www.veritatis.com.br/artigo.asp?pubid=2675].


PS. : Tudo que escrevi aqui está, e estará sempre, sujeito a um maior e melhor juízo que é o da Santa Madre Igreja Católica. Ela que tem plenos poderes para corrigir, refutar, completar e tudo mais que for necessário para a integridade da Sã Doutrina Cristã.


“Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e as portas do Inferno nunca prevalecerão contra ela” (Mt 16,18).


Bibliografia

-BÍBLIA DE JERUSALÉM, Editora Paulus, SP, 1996.
-BÍBLIA SAGRADA, 147a edição, AM Editora Ave-Maria, SP, 2002.
-http://www.veritatis.com.br/artigo.asp?pubid=2675.
-MEIN, Aleksandr, , Jesus mestre de Nazaré, 7a edição, Editora Cidade Nova, SP, 1999.

Fiquem com Deus!

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