quinta-feira, 8 de julho de 2010

Árvore da vida - parte II

Wagner Herbet Alves Costa (1968-2006)

(leia antes a parte I)

f) Comparável à presença da imaculada Virgem Maria no mundo, é a existência do teto de uma gigantesca estufa, onde todos os vidro estão sujos e trincados, exceto um. Este único vidrinho (Maria), intacto e limpíssimo, foi por onde a Perfeitíssima Luz (Jesus), vinda do Céu, transpôs para adentrar na temporalidade. Veja mais...


E assim como a luz atravessa o vidro sem destruir-lhe ou causar-lhe dano algum; semelhantemente, eis que a “luz do mundo”(Jo 8,12) – Jesus Cristo – não rompendo a integridade virginal de sua santa mãe, foi dado à luz por ela. Integridade que a mesma preservou por toda vida. Pois Maria acolhe o dom de ser mãe, sem rejeitar a graça de ser virgem... De modo que, tanto na maternidade que adquiriu, como na virgindade que conservou, a Santíssima Virgem, quis ser totalmente de Deus. [Tornando-se exemplar modelo para todas as mulheres: para as que trilham o caminho da santificação pela maternidade, como também para as que, na consagração de uma vida celibatária, buscam “serem santas de corpo e de espírito” (1 Cor 7,34).]


Se ser mãe é ser agradável a Deus; ser virgem perpétua também o é. E a Virgem de Nazaré recebeu do Altíssimo, o dom de lhe ser duplamente aprazível: na maternidade, gerando o seu Divino Filho; e na virgindade perene, gerando (na temporalidade) somente a ele....
g) Vencedor de Adão e Eva, eis que agora, Satanás é vencido em Jesus e Maria (inclusive, em suas corporeidades). Por isso, na ressurreição e ascensão do Virgem e Imaculado Filho do Senhor e na glorificação e assunção da Virgem e Imaculada Mãe do Senhor – desde já – vislumbramos a grande vitória do Pai.


“Porque ela foi a primeira e mais fervorosa discípula de Cristo” – diz Peter Schineller, no seu livro ‘Por Que Veneramos Maria’ – foi igualmente a primeira a receber essa “abundância de vida para o corpo e para alma”[SCHINELLER, Peter, SJ, Por que veneramos Maria, Editora Santuário, Aparecida-SP, 1995, pp. 22-23]. Além, é claro, de ela ser também imaculada e mãe do divino Redentor.


Eis por que, no Céu, encontra-se tanto um corpo masculino, como um corpo feminino, vivificados e glorificados: o de Jesus e o de Maria. Até porque, não participou a mulher da condenação e aterramento da humanidade? Sendo assim, era justo, pois, que ela também participasse da elevação e salvação do gênero humano. Como disse Santo Irineu, já no segundo século: “ ‘Assim como foi por causa de uma virgem desobediente que o homem foi atingido e, depois, da queda ficou sujeita à morte, assim também por causa da Virgem que obedeceu a palavra de Deus que o homem regenerado, recebeu a vida, da vida... era conveniente e justo... que Eva fosse recapitulada em Maria, a fim de que, tornasse a Virgem advogada de uma outra virgem, ficasse destruída e a abolida a desobediência de outra virgem’(Démonstration de la prédiction apostolique, 33:S.Ch. 62,83-86)”[CARTA ENCÍCLICA DE JOÃO PAULO II SOBRE A MÃE DO REDENTOR, “Mater Redemptoris”, Edições Paulinas, SP,]


Resumindo: “O nó da desobediência de Eva foi desfeito pela obediência de Maria” [CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, 5a edição, Editora Vozes Edições Paulinas, Edições Loyola Editora Ave-Maria, 1993, n. 491, p. 122]. Pois “se por meio de uma mulher (Eva) a serpente infernal conseguiu fazer penetrar seu veneno mortal na humanidade, também seria por meio de outra mulher (Maria, nova Eva) que Deus traria o remédio da salvação”[AQUINO, Felipe Rinaldo Queiroz de, A mulher do Apocalipse, 4a edição, Edições Loyola – (Publicações Canão Nova/Loyola), SP, 1997, p. 15].


Eva, sendo a incitadora do pecado para aquele que era o cabeça da humanidade (Adão), fez com que este quedasse, e arrastasse consigo a humanidade ao regime da desgraça – sendo ela, por conseguinte, usada, por Satanás, para ser a portadora da morte. A morte veio do diabo a Adão, por meio de Eva. Esta, portanto, foi instrumento do demônio para perdição do homem. Já Maria, contrariamente, foi instrumento de Deus para a redenção e salvação da humanidade.


Maria, por certo, não é a salvação. A salvação é seu filho Jesus. Entretanto, foi por meio dela que o Pai Celestial quis operar, na força do Espírito Santo, a nossa redenção. Haja vista, por ela, o Verbo da Vida ter-se encarnado.


É verdade: foi o Filho de Deus que nos salvou. No entanto, vale à pena precisar essa assertiva: foi o Filho de Deus como Filho de Maria! Pois o Verbo, enquanto somente Filho do Pai, não derramou sangue algum em expiação de nossos pecados; mas o Verbo, igualmente, enquanto Filho da Virgem de Nazaré, isto é, o Logos-Divino-Encarnado, este, sim, remiu-nos. E como é mais do que sabido, o Verbo encarnado não é somente Filho do Pai, o é também Filho de Maria, sua mãe. [“Sem efusão de sangue não há remissão” (Hb 9,22).]


Insofismavelmente, a salvação (que é Jesus Cristo) é-nos chegada por intermédio da Virgem Bendita... E assim como a água chega às nossas casas por meio da tubulação; do mesmo modo, Deus quis que a Água Viva – que realiza nossa redenção – chegasse-nos por esse aqueduto de graças que é Maria Santíssima. Por conseguinte, até o Mediador se fez mediar pela Virgem de Nazaré, a quem ele agraciou com os maiores e perclaros dons.


Cientes estamos de que: Sem encarnação, não há redenção; e, sem Maria, não há encarnação. De modo que, indiscutivelmente, a salvação vem pela encarnação e a esta por Maria!


h) Como é que aquela que foi esse preciosíssimo instrumento nas mãos de Deus, “a mãe do meu Senhor” (Lc 1,43), poderia ficar retida nos umbrais da morte?... Ela que é a Arca do Grande Concerto! Pois assim como na Antiga Aliança havia uma arca onde foi posta a Palavra ESCRITA de Deus (o Decálogo ou Deca-‘Logos’), agora, porém, “na plenitude do tempo”, com uma Nova Aliança, uma outra arca santíssima foi eleita para ser depositária da Palavra VIVA de Deus (o ‘Logos’ da Vida). Lá era uma arca inanimada (feita de madeira e ouro); aqui, uma outra, cheia de vida e graça.


Curiosamente, no Apocalipse, o versículo anterior aquele que descreve a Mãe do Redentor como a Rainha do Universo (adornada com as jóias da criação: sol, lua, estrelas) é justamente um que menciona que: “O templo de Deus que está no céu se abriu, e apareceu a arca da sua aliança” (Ap 11,19)... Será que São João está falado, aqui, da arca de madeira ou da Nova Arca de Deus (Maria Santíssima)?... De qualquer modo, se for (em Ap 11,19) a arca inanimada, ficará, ainda assim, a nítida impressão que ele quis associar uma à outra; já que, logo em seguida, ele discorre sobre a mãe do Salvador (Ap 12,1).


i) Quão terrível fúria deve causar ao demônio saber que a vontade primordial do Altíssimo – que era vislumbrar o ser humano, criador por ele, atingir a glorificação eterna sem nunca ter tido qualquer comunhão com o pecado – cumpriu-se na pessoa de Maria. [Lembremos que Cristo é divino, e não criatura. Criatura humana que atingiu a glorificação, sem mácula algum, só Maria.]


De modo que, aquela que o Diabo primeiramente fez cair, a mulher: foi, justamente, aquela a quem – dentre as criaturas humanas – Deus Altíssimo fez ‘primeira’ (em graça, em santidade, em glória). Assim é que o Senhor esmaga, mais ainda, a perfídia da Serpente Maldita.


j) O primeiro livro divino é a criação. É preciso saber ler os mistérios nele registrados. Não à toa, meditando a respeito desse escomunal alfarrábio (produzido pela Palavra de Deus), houve quem vislumbrasse no fenômeno da aurora, que precede o nascimento do sol, a preciosa realidade de Maria e seu divino Filho. [Eu também me pus a refletir, e a seguir, se me concedem o atrevimento, colocarei algumas de minhas ponderações.]


Assim como a aurora precede ao nascimento do sol, semelhantemente a Virgem Maria precedeu ao nascimento do seu Divino Filho. Todavia, assim como o sol é que dá existência a aurora; similarmente, é Jesus [o “sol nascente” (Is 60,3)] o criador de Maria. (Pois, se sem o sol, não há aurora; também sem Jesus, não há Maria.) Afinal, todo brilho e resplendor da aurora provém do sol; como toda graça e favor mariano vem de Deus, o seu sol espiritual. Noutras palavras: na ordem do nascimento (temporal) é Maria que precede o Filho; entretanto, na ordem do nascimento atemporal (ou seja, na ordem da existência), é o Filho quem precede a Mãe... ‘Ó Senhor, que existes antes de sua Mãe; mas que te dignastes a nascer depois dela, para nosso bem e nossa salvação: bendito seja!’


Mas que significado – a mais – haverá em a aurora nascer antes do sol (isto é, Maria ter nascido à frente de Cristo)? Pois assim como há luminosidade no mundo, anterior ao nascimento do sol, por causa da manifestação da aurora; semelhantemente, já havia imaculabilidade no orbe, antes mesmo de Jesus nascer, devido à presença de Maria... Ave, Aurora de um novo tempo! Cujo filho é o sol que jamais se põe!


“Quem é essa que desponta como a aurora, bela como a lua, fulgurante como o Sol” (Cant 6,10)? [A qual “louvam-na rainhas e concubinas” (Cant 6,9).]... Para quem ainda não sabe: É “a mãe do meu Senhor” (Lc 1,43)!


l) Aquela que “as gerações todas... chamarão de bem-aventurada”(Lc 1,48), o discípulo amado descreveu-a como “uma Mulher vestida com o sol” (Ap 12,1). Apontando, desse modo, para justeza de seu ser (santo e imaculado). Sobre o filho de Maria é dito, semelhantemente, que “suas vestes se tornaram alvas como a luz” (Mt 17,2). Por conseguinte, tanto a mãe, como seu rebento, revestem-se de vestimentas fulgurantes; pois são justos diante do Pai. De fato, está escrito: “Os justos brilharão como o sol no reino do seu Pai” (Mt 13,43).


m) Com efeito, assim como ninguém, senão sob a ação do Espírito Santo, pode declarar que Jesus é o Senhor (ou seja, Deus), igualmente, ninguém, a não ser como Isabel [que “ficou repleta do Espírito Santo”(Lc 1,41)], poderá confessar que Maria é a Mãe do Senhor; isto é, Mãe de Deus... [Na boca de Isabel, ‘Senhor’ quer dizer DEUS; assim comprova a Escritura Sagrada: “Isso dignou o Senhor, quando dignou retirar de mim o opróbrio perante os homens” (Lc 1,25); “Feliz aquela que creu, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido” (Lc 1,45).]


...Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores! (Em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.)


P. S.: Tudo que escrevi está, e estará sempre, sujeito a um maior e melhor juízo que é o da Santa Igreja Católica. A qual poderá corrigir, refutar, completar e tudo o mais que for necessário para manutenção da integridade do Depósito da Fé.


[Adendo 1: Se não me engano, houve traduções funestas da Bíblia que em vez de está escrito “comer do pão ou beber do cálice”(1 Cor 11,27) traziam ‘comer do pão e beber do cálice’. E sabe por quê? Porque, conforme o texto original (em grego), que é mencionado o vocábulo “ou”, indica que: quem come ou bebe o cálice é culpado tanto do corpo como do sangue do Senhor. Isto é, basta somente ele, de forma não-digna, comer do pão que é culpado por ambos (pelo corpo e pelo sangue); como também, basta beber, indignamente, do cálice para ser culpado pelos dois (corpo e sangue). Haja vista, conforme o perene ensino da Igreja de Deus, tanto no que é comido, como no que é bebido, é Cristo por inteiro. Se Cristo está por inteiro sob a espécie do pão; então, quem indignamente come este pão, é culpado da totalidade (do corpo e do sangue do Senhor). Também é pela mesma razão que quem comunga somente o “pão” recebe Jesus por inteiro. É por isso, igualmente, que um católico, que, por algum problema, não pode mastigar, ao receber o Senhor, sob o véu do vinho, comunga-o inteiramente... Imagine se existisse uma seguinte lei: ‘se alguém gritar e bater palmas, depois das dez horas, será multado e preso’; daria a entender que o culpado só receberia a dupla punição (multa e prisão) se fizesse as duas coisas. Entretanto, se fosse dito: ‘Se alguém bater palmas ou gritar, depois das dez, será multado e preso’; nesse caso, subtende-se, que bastava ele praticar um dos dois delitos para ser duplamente punido.]


[Adendo 2: Nossos primordiais irmãos na fé se faziam “batizar em favor dos mortos” (1 Cor 15,29). E se, hodiernamente, para muitos, é difícil a exata identificação de tal rito; por outro lado, é bastante conhecido – pelo Novo Testamento – que o sacrificar-se (ou sacrifício) é também uma forma de batismo. Haja vista, Jesus mesmo ter dito: “Com o batismo que for batizado, sereis batizado” (Mc 10,39), referindo-se ao sacrifício da cruz. É preciso lembrar, ainda, que: como a água, o sangue (sacrificial) também, biblicamente, está associado à questão da Purificação. Ademais, oferecer sacrifício pelos defuntos, esta foi a prática de sempre da Igreja do Altíssimo, como testificam antigos testemunhos. Nas epístolas de São Cipriano (que faleceu no ano 258 d.C.:) comumente encontra-se expresso: “ “oferecer o sacrifício por alguém ou por ocasião dos funerais de alguém” (Revista PR, 264, 1982, pa. 50 e 51; PR ibidem)”[AQUINO, Felipe Rinaldo Queiroz de, O que são as indulgências, Editora Cléofas, Lorena-SP, 1998, p. 48].]


[Adendo 3: Eis que a santidade de Maria ultrapassava, em muito, o estado de graça (que é estar sem pecado original e sem pecado mortal); pois a dignidade de Mãe de Deus assim o exigia... Mas como nós não gestamos a Cristo Jesus, nem o amamentamos, nem o educamos, etc; o Altíssimo exige de nós “apenas” estarmos em estado de graça. Entrementes, devemos ter sempre a ciência de que: “ “Aquele que se aproxima do altar, com consciência de um pecado mortal, é pior do que um demônio” (São João Crisóstomo)”[TREVISAN, Pe. Celestino André, A Eucaristia, Raboni Editora Ltda., Campinas-SP, 1995, p. 45]. Santo Agostinho, mais contundente, diz: “Comungar em pecado é atirar a Hóstia num montouro; é entregar o Cordeiro imaculado nas mãos dos demônios, que o insultam da mais horrenda maneira; é fazer papel pior que Judas”[TREVISAN, Pe. Celestino André, A Eucaristia, Raboni Ltda., Campinas-SP, 1995, p. 45]. “Por conseguinte, cada um examine a si mesmo antes de comer desse pão e beber desse cálice” (1 Cor 11,28).]

Bibliografia
-AQUINO, Felipe Rinaldo Queiroz de, A minha Igreja, Editora Cléofas, Lorena-SP, 1997.

-AQUINO, Felipe Rinaldo Queiroz de, A mulher do Apocalipse, 4a edição, Edições Loyola- (Publicações Canção Nova/Loyola), SP, 1997.

-AQUINO, Felipe Rinaldo Queiroz de, O que são as indulgências, Editora Cléofas, Lorena-SP, 1998.

-BÍBLIA DE JERUSALÉM, Editora Paulus, SP, 1996.

-CARTA ENCÍCLICA DO PAPA JOÃO PAULO II SOBRE A MÃE DO REDENTOR, “ Mater Redemptoris”, Edição Paulina, SP,

-CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, 5a edição, Editora Vozes, Edições Paulinas Edições Loyola Editora Ave-Maria, RJ/SP, 1993.

- SCHINELLER, Peter, SJ, Por que veneramos Maria, Editora Santuário, Aparecida-SP, 1995.

-TREVISAN, Pe Celestino André, A Eucaristia, Raboni Editora Ltda., Campinas-SP, 1995.


Fiquem com Deus!


(Repito: pode parecer muito grande este texto; todavia, comparado ao “depósito da fé”, a respeito do qual a Igreja é responsável, ele é pequeníssimo. Genuinamente, a Igreja é a tutora não simplesmente de uns poucos artigos de fé, mas de um verdadeiro ‘armazém, ou silo ’.)

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“Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e as portas do Inferno nunca prevalecerão contra ela” (Mt 16,18).

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